quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Carla Sá comenta um livro de Álvaro Magalhães

“O rapaz dos sapatos prateados” é uma novela narrada por um rapaz de 9 anos que apenas encontra consolo e redenção na fantasia, o seu instrumentos de navegação e de sobrevivência. Ele conta os episódios turbulentos de um período da sua vida, em que vive um enamoramento e se vê arrastado para o centro de uma investigação criminal; mas não se limita a narrar o que lhe acontece, e lança um olhar crítico e contundente ao que o rodeia e a cada um dos melhores mistérios da existência: o amor, a morte, a poesia, a existência de Deus. No final, ele consegue, enfim, libertar-se da lei da gravidade, seu grande anseio, e voa como o Rapaz dos Sapatos Prateados, o duplo que ele criara como personagem de ficção, no seu jogo de superação da realidade através do imaginário. Embora não se saiba, todos os rapazes têm à sua espera, em qualquer lado, um par de sapatos prateados que, uma vez calçados, os transformam em quem eles realmente são. E nós também, não? Em qualquer lado, deve haver uma asa qualquer com que possamos voar.


*Texto e opinião de Carla Sá

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