terça-feira, 1 de outubro de 2013

É do borogodó: eu sou a lâmpida

Quanu a perfessora dizê ao sinhô que é muito importante concorda os artigo com os sujeito, num faça feio e corrija sua gramática porque as moça num vão querê namorá cum sujeito anarfabeto que num sabe nem fazê os plural!

A não quer que o sinhô seja um tipo de lâmpida que as muié fica arrodeando, arrodeando, arrodeando…



* este samba paulistano do Mestre Adoniran Barbosa mostra como a língua falada desenha as características de uma cultura e contam a história.

João Rubinato nasceu na Cidade de Valinhos, em 1908, no interior do Estado de São Paulo, depois morou em Jundiaí e em Santo André para, mais tarde se estabelecer na Capital. Filho de imigrantes italianos e com pouca instrução, João Rubinato foi recusado pelo teatro, mas felizmente caiu no samba e chamou atenção em programa de rádio interpretando uma figura que se apoderou da sua própria existência:  Adoniran Barbosa.

O pai do samba paulista reúne sucessos como “Trem das Onze” e “Saudosa Maloca”. Gravou “inté” com Elis Regina sua canção “Tiro ao alvaro”, uma declaração de amor a moda dele.
Para quem não sabe, o plural na língua italiana não se faz com uso de “S” como em português, por isso ficava ainda mais difícil que os imigrantes italianos aqui chegados utilizassem com perfeição a gramática da língua portuguesa.

A música de Adoniran faz repensar os ditos “erros gramaticais” dentro do contexto cultural. A língua carrega consigo movimentos históricos e geográficos, nela podemos investigar a miscigenação e as raízes ancestrais de um povo.

De forma alguma quero refutar o bom uso da gramática, mas não sou tola em desmerecer tesouros preciosos da nossa cultura por conta de uma regra de concordância.

Penélope Martins

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