terça-feira, 2 de julho de 2013

É do borogodó: quintaneando

“Dizem que sou modesto. Pelo contrário, sou tão orgulhoso que acho que nunca escrevi algo à minha altura. Porque poesia é insatisfação, um anseio de auto-superação. Um poeta satisfeito não satisfaz.” Assim se definiu Mário Quintana, poeta sulista brasileiro, nascido no começo do século XX e já desabrigado da vida no mundo.

Já tive um doido a me dizer que faço poesia e eu, orgulhosamente, respondi que nunca, “ao contrário, eu escrevo bobagens”, porque afinal de contas eu sou boba e ao responder assim eu me 'quintaneio' um pouquinho.

Sou da geração que recebeu na escola a coleção “Para Gostar de Ler”. Por lá experimentávamos Vinícius de Moraes, Cecília Meireles e Mário Quintana.

Nessa vida, que é louca e curta, seguimos a procurar a semelhança sem saber onde. Encontrei Joel Costa Mar, meu parceiro musical, e dele colhi uma canção para Quintana. Melhor do que biografias, fica o poema intitulado “auto-retrato”, de Mário Quintana, seguido da canção brincante de Joel, porque quintanear é sempre boa feita.

No retrato que me faço
- traço a traço -
às vezes me pinto nuvem,
às vezes me pinto árvore...


às vezes me pinto coisas
de que nem há mais lembrança...
ou coisas que não existem
mas que um dia existirão...


e, desta lida, em que busco
- pouco a pouco -
minha eterna semelhança,


no final, que restará?
Um desenho de criança...
Corrigido por um louco!




 http://www.youtube.com/watch?v=FSvP_MDitzo


 Penélope Martins

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