terça-feira, 23 de julho de 2013

É do borogodó: os tolos são

os tolos, do lado de cá do Atlântico, por Penélope Martins

Os tolos são voláteis,
aquarelam cartas de amor, tamborilam lembranças banais
tecem futuros perfeitos.
Os tolos são pobres coitados,
imploram mais uma palavra, rogam um abraço
suplicam outro beijo. Os tolos não sabem dizer adeus.
Alienados, desajustados, sofredores
Os tolos sofrem e riem, sofrem e riem… Choram
embocaduras.
Os tolos não tem saída. Miúdas esperanças
desintegram espaços,
trocam-se lençóis para pousar fresca fronha de lavanda.
Tolos afrontam delicada tolice.

 ~*~

um quadro de Mike Dringenberg
~*~

os tolos, do lado de lá do Oceano, por Alexandre Honrado

Os tolos são sublimes.
Lêem as cartas do despudor de outros
Tolos. Mesmo quando são analfabetos.
Rodopiam nos seus momentos descansados.
Sentados sobre a boca das palavras
Impedidas que usam como futuro impensado.
Os tolos são sóis adiados.
Mendigos do beijo que viram passar.
Os loucos são súplicas a voar.
Devia haver um tolo em cada cabeça e em
Cada cabeça um turbante fulvo
E em cada turbante fulvo um correr de rio
Sem espaço.
Não interessa o espaço,
Mas aqueles que ficam no abraço.
Os tolos ficam.
Nos nós.
Os tolos são.
Somos.
Nós.
Sós.

http://azeiteealecrim.wordpress.com/2012/12/03/ostolos/
(sendo que o cá é lá e o lá é cá)

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