quinta-feira, 25 de julho de 2013

É do borogodó: a lâmina



Perdeste-me no teu descaso. Ontem rondava a minha porta para mais tarde fugir pela janela. Eu, que sou lânguida ao calor, também me forjo em lâmina. Hoje corta, fere e mata, já não estende a memória de lembranças tuas. Não ouses ainda, com teu orgulho barato de déspota, dizer que sou vítima da inveja, da vingança, da dor negra dos ciúmes que apunhalavam as costas das fiéis meretrizes. Não se trata de um apelo para que retornes. É sim um vómito que manifesta a cura. Curei-me de ti e já enxergo com clareza a tua covardia.

Penélope Martins

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