Tenho medo de perder a maravilha
de teus olhos de estátua e aquele acento
que de noite me imprime em plena face
de teu alento a solitária rosa.
Tenho pena de ser nesta ribeira
tronco sem ramos; e o que mais eu sinto
é não ter a flor, polpa, ou argila
para o gusano do meu sofrimento.
Se és o tesouro meu que oculto tenho
se és minha cruz e minha dor molhada,
se de teu senhorio sou o cão,
não me deixes perder o que ganhei
e as águas decora de teu rio
com as folhas do meu outono esquivo.
*Federico García Lorca, in Poemas Esparsos - Relógio D'Água.
Tradução de Oscar Mendes
de teus olhos de estátua e aquele acento
que de noite me imprime em plena face
de teu alento a solitária rosa.
Tenho pena de ser nesta ribeira
tronco sem ramos; e o que mais eu sinto
é não ter a flor, polpa, ou argila
para o gusano do meu sofrimento.
Se és o tesouro meu que oculto tenho
se és minha cruz e minha dor molhada,
se de teu senhorio sou o cão,
não me deixes perder o que ganhei
e as águas decora de teu rio
com as folhas do meu outono esquivo.
*Federico García Lorca, in Poemas Esparsos - Relógio D'Água.
Tradução de Oscar Mendes
Homossexual assumido, defensor acérrimo de ideias Republicanas... García Lorca foi uma das primeiras baixas da Guerra Civil Espanhola. Nasceu a 5 de Junho de 1898, numa pequena localidade Andaluz. Aos 16 anos já estudava direito em Granada e, mais tarde, foi para Madrid. Aí publica os seus primeiros poemas.
Sem comentários:
Enviar um comentário