sábado, 22 de junho de 2013

Não há Feira, mas há escritores - o 1.º dia

Foi uma tarde muito bem passada entre os escritores. Os Aliados no Porto assistiram aos discursos de todos os que deram a cara pela iniciativa de protesto contra a não organização da Feira do Livro naquela cidade - Não há Feira, mas há escritores.

Cheguei um pouco atrasado, mas ainda houve tempo para falar com o Pedro Guilherme-Moreira, ouvir as palavras de Ana Luísa Amaral, cruzar-me com Manuel Jorge Marmelo e Miguel Miranda. Os autógrafos pedi, desta vez, ao Afonso Cruz e a Richard Zimler. Ainda deu para reconhecer mais alguns escritores, como o Luís Miguel Rocha (velho cliente de uma livraria onde trabalhei) e o Gonçalo Cadilhe (que ali conversava com alguns amigos comuns).

Fui também confundido com o Nuno Camarneiro... mas ainda não foi desta que ganhei o Prémio Leya!

Entretanto... deste encontro saiu um manifesto que está a ser assinado por inúmeros escritores. Segue aí em baixo, pelo meio das fotografias.

E dia 29 lá estaremos outra vez!


Manifesto pela Feira do Livro do Porto

A relação entre os escritores e os leitores não se move ao gosto dos interesses de grupos, sejam económicos ou políticos. Move-nos o apreço, a cordialidade, a cumplicidade e o profundo respeito, valores que não podem ficar reféns de manobras palacianas, conveniências políticas ou intrigas mesquinhas. O encontro entre aqueles que escrevem e aqueles que lêem não pode, por isso, estar dependente de decisões administrativas arbitrárias. Ninguém tem o direito, por ação ou omissão, de impedir ou impossibilitar a realização daquele que é um dos mais importantes eventos culturais da cidade do Porto e do Norte de Portugal.

A Feira do Livro do Porto não se realiza este ano e não importa já discutir se a responsabilidade maior cabe à Câmara Municipal do Porto ou à Associação Portuguesa de Editores e Livreiros, ou qual das instituições teve mais, menos ou nenhuma vontade de organizar o certame. Os leitores e os escritores foram privados da sua grande festa anual ao fim de 82 anos de história, facto que apenas pode ser entendido como um gesto de total desrespeito por aqueles que lhe deram corpo.

Os signatários querem, assim, manifestar o seu repúdio pela não realização da 83ª edição da Feira do Livro do Porto. Para além de um ataque à vida cultural portuense, a decisão constitui uma afronta à cidadania e aos milhares de visitantes que todos os anos encontravam na Feira do Livro um espaço de convívio, lazer, partilha e cultura. Os signatários exigem ainda dos responsáveis políticos e corporativos a devolução da Feira do Livro à cidade do Porto, apelando à população e a todos os que, pelo silêncio, não querem ser cúmplices deste esbulho e confisco cultural a juntarem vozes e vontades para que a literatura regresse às ruas e praças do Porto. Queremos que os livros, os leitores e os escritores voltem a ser celebrados na Feira do Livro — como até aqui. 

Ainda assim, e porque aquilo que nos move é apenas o irrepetível momento de comunhão que a literatura proporciona, estamos outra vez na Avenida dos Aliados. De várias formas e, sobretudo, com aquela que é a nossa única arma: a palavra.


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