domingo, 23 de junho de 2013

Maria Isabel Matos Pereira, África e poesia. Esta semana, no Clube de Leitores

É com enorme alegria que trago uma amiga dos tempos dos livros a este espaço e lhe dou voz. Uma pessoa interessada no meu percurso, sempre presente com um comentário de força e incentivo. 

Assim se apresenta Maria Isabel Matos Pereira. Vamos ter alguns dos seus poemas aqui pelo Clube de Leitores. Fiquem connosco. 

Nasci em Luanda a 1 de Abril de 1952 e aí fiz os meus estudos primários, liceais e superiores tendo acabado o curso superior de Economia na FEP em 1977, pois a descolonização trouxe-me a Portugal em 1975, estava eu no quarto ano de Economia. Na primária "declamava" os poetas que povoavam os livros de leitura: António Correia de Oliveira e Afonso Lopes Vieira. E eu gostava de dizer essas poesias simples..."Os passarinhos tão engraçados/Fazem os ninhos com mil cuidados/São para os filhinhos que estão para ter/Que os passarinhos os vão fazer//(...). Mas a descoberta da poesia aconteceu mesmo aos 14 anos muito por conta de uma das minhas professoras de língua portuguesa, a Dra. Irene Calapez, também ela poetisa. Através dela descobri Pessoa, Torga, Régio, António Nobre, Guerra Junqueiro, Cesário Verde, Pessanha, Teixeira de Pascoaes, Mário de Sá Carneiro, Anthero do Quental e também outros escritores portugueses que eram referências importantes, Eça, Camilo Castelo Branco, Ferreira de Castro, Eugénio de Castro entre outros. Também parti à descoberta de autores angolanos/africanos e foi um fascínio: ler o romance "Panguila" de Lília da Fonseca que me falava da Luanda dos anos quarenta. Foi muito bom. Mas poderia falar de outros que fui descobrindo com o correr dos anos...Ruy Duarte de Carvalho e o seu "Chão de Oferta", Luandino Vieira e a sua obra mestra "Nós, os do Maculusso".. A literatura americana descobri-a nos alfarrabistas de Luanda - Jorge Amado e Gabriel García Marquez estavam em voga à época. Os escritores africanos povoaram a minha vida a partir dos anos oitenta do século passado: Wole Soyinka, Mongo Beti, Sembène Ousmane, Christopher Okigbo, Chinua Achebe e tantos outros trouxeram-me o continente africano e a descoberta de verdadeiros tesouros da literatura deste continente.

Foi pouco antes de entrar para a faculdade que comecei a escrevinhar. A publicação surge apenas em 2000 na antologia POIESIS que a editora Minerva começara a editar e que reunia textos/poesias de vários autores novos. Posteriormente fui sendo convidada a publicar em outras antologias de poesia da mesma editora. 

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