quinta-feira, 6 de junho de 2013

É do borogodó: poema para dizer cricrices

o grilo não sabe que é grilo / o grilo sabe ser grilo/ o grilo não se grila

cri, cri, cri (na noite escura, gostaria de escutar os grilos a conversar)

(na noite escura, gostaria de escutar os grilos ((são notas de violino)) a conversar ((conversa de grilo é mais simpática que buzina, freada, luz de farol que entra piscando ((imagina fossem pirilampos)) e a gente acorda cansado)

o grilo sabe não sabe que é grilo / o grilo sabe ser grilo / eu me grilo com as coisas

xiu! ouço de dentro uma voz que não é dos grilos. xiu! tum, tum-tum, tum, tum-tum. há algo fibrilando dentro do meu peito (não faz cri cri, mas certamente está vivo ((quem dera soubesse ser eu o tum-tum assim como o grilo sabe ser grilo mesmo sem saber quem é o grilo)) xiu!)

tum. tum-tum. cri. tum. cri. cri-cri. tum. cri, cri, cri, cri, cri

o grilo não sabe que é grilo/ o grilo sabe ser grilo/ o grilo estrila


Penélope Martins

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