27 de Abril 2009
O dia é passado na praia, sem grande pressa. Vou saltando de livro em livro - trouxe uns quatro nesta viagem. Tiro algumas citações que fazem sentido. Depois relaxo e descanso... Tomo uma dezena de banhos naquele mar quente e deixo-me flutuar.
O ritmo é lento e estou a despedir-me calmamente das ilhas. Entre uma Coca-cola e outra, vou apreciando a paisagem e os meus olhos percorrem as últimas impressões. Sinto que estou a fotografar com a memória - anoto na retina o postal que quero escrever a alguém.
A manhã traz de volta um pequeno amigo do Sudão. É filho de um casal que fugiu para a Arábia Saudita. Fizeram comigo a viagem de barco ontem, pelas ilhas desertas em redor das Phi-Phi. Aproveitei para saber um pouco do Sudão, pois certamente não será fácil voltar a encontrar pessoas de lá. Sento-me e tomo o pequeno almoço. Como devem calcular, a conversa não é muito animadora. Falo com pessoas fugidas da guerra há muitos anos. E que não pretendem voltar.
A tarde é passada a ver gente. Entre eles, um pequeno grupo de turistas gay da Índia. Estão bem à minha frente e parecem estar muito descontraídos. Fazem curiosas poses junto ao mar e riem com alegria. O Hinduísmo não deve permitir tamanha liberdade na Índia, pelo que estes homens tiram fotos e riem ruidosamente.
O fim de tarde é dedicado à escrita. Desenrolo os meus endereços e começo a dizer em voz alta as palavras à família e aos amigos. Não divergem muito do "está tudo bem", "estou a adorar". Bebo qualquer coisa na esplanada da livraria. Tiro umas últimas fotos - desta vez à lua que começa a nascer.
Custa abandonar o paraíso... mas a esperança é partir em busca de outros. A noite é passada a fazer malas e a organizar o trajecto. Chega o jantar e bebo um café fraco e quente antes de deitar. Pelo caminho, uma deliciosa trinca nas panquecas. Dou um abraço à menina pequenina que está ali perto e tiro-lhe uma foto. Depois saio a cantarolar pela praia.
Despedi-me do Bungalow, a casa mais extraordinária que habitei. Amanhã já não estou aqui. Sigo para Pukhet, quero ver como está o mar...
Rodrigo Ferrão
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