O nome do meu pai era
Clevie Raymond Carver. A sua família chamava-lhe Raymond e os amigos
chamavam-lhe C.R. Deram-me o nome de Raymond Clevie Carver Júnior, e sempre
odiei a parte do “Júnior”. Quando era pequeno, o meu pai chamava-me Sapo, e
disso eu gostava. Mas, mais tarde, como toda a gente na família, ele começou a
chamar-me Júnior. E continuou a tratar-me assim até eu ter treze ou catorze anos,
idade em que anunciei que não responderia mais por esse nome. Por isso começou
a chamar-me Doc. A partir desse momento, e até ao dia em que morreu, a 17 de
Junho de 1967, tratou-me por Doc, ou então por Filho. Quando ele morreu, a
minha mãe ligou à minha mulher para lhe dar a notícia. Eu encontrava-me
afastado da minha família nessa altura, entre vidas, tentando entrar na
Faculdade de Biblioteconomia da Universidade do Iowa. Quando a minha mulher
atendeu o telefone, a minha mãe exclamou: “O Raymond morreu!” Por um instante a
minha mulher julgou que a minha mãe lhe estava a dizer que eu tinha morrido.
Depois a minha mãe explicou de qual dos Raymond estava a falar e a minha mulher
disse: “Graças a Deus. Achei que estava a falar do meu Raymond.”
* Tradução de João Tordo e João Luís Barreto
Guimarães
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