quinta-feira, 25 de abril de 2013

David pinta... Edgar Allan Poe

David pinta... Edgar Allan Poe
*ilustrado por David Pintor

And so being young
and dipped in folly,
I fell in love
with melancholy.

A maior parte dos escritores, sobretudo os poetas, preferem deixar supor que compõem numa espécie de esplêndido frenesim, de extática intuição; literalmente, gelar-se-iam de terror à ideia de permitir ao público que desse uma espreitadela por detrás da cena para ver os laboriosos e incertos partos do pensamento, os verdadeiros planos compreendidos só no último minuto, os inúmeros balbucios de ideias que não alcançaram a maturidade da plena luz, as imaginações plenamente amadurecidas e, no entanto, rejeitadas pelo desespero de as levar a cabo, as opções e as rejeições longamente ponderadas, as tão difíceis emendas e acrescentas, numa palavra, as rodas e as empenas, as máquinas para mudança de cenário, as escadas e os alçapões, o vermelhão e os postiços que em 99% dos casos constituem os acessórios dohistrião literário.

*Edgar Allan Poe, in A Filosofia da Composição

1 comentário:

  1. Magnifíco trabalho de desconstrução do trabalho do autor, este The Philosophy of Composition, especialmente escrito numa época em que se advogava o romante romântico de génio. Colocar à frente da escrita a definição da intenção e do tom continua a ser essencial.

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