segunda-feira, 29 de abril de 2013

Banda desenhada: da Margarida que há em mim

Hoje é dia de confissão. E revelo sem pudor que, na mais precoce adolescência, quando dei por mim, andava a juntar os trocos que mal sobravam da semanada para coleccionar as “Margaridas”. Sim, era tempo em que cada personagem Disney ainda tinha direito à sua própria revista, em vez de andarem todas ao molho e fé nos “Comix”. 

E, se há coisa que aprendi de então para cá, é que essas escolhas em termos de banda desenhada, apesar de influenciadas pelas escolhas dos progenitores ou pelo título da moda, tende a ser sintomática de quem somos. No meu caso, revelo já, adorava principalmente as histórias em que Margarida, pata namoradeira mas super independente, vivia alguma aventura enquanto jornalista da “Patada”. Se isso influenciou a minha escolha profissional? Dah!



Isto tudo para vos dizer que, lá para o lado das Américas, celebra-se no primeiro sábado de Maio, o Free Comic Book Day. Criado em 2002 pela indústria editorial de banda desenhada, tendia a estar associado também ao lançamento de um novo filme baseado na BD, com a polémica que podem imaginar, mas a verdade é que sobreviveu a tudo isso. E, este ano, segundo o site Unleash The Fan    boy, traduz-se em mais de duas mil lojas a oferecer completamente de borla mais de três milhões de livros de banda desenhada. 

A questão que se coloca é simples: a banda desenhada tem assim tanto mérito enquanto estilo literário que mereça tal investimento? Por lá acredita-se que sim. E explica-se porquê. 


- As crianças que lêem banda desenhada acabam por vir a ler também outras coisas. A BD entranha-se-lhes no rol dos prazeres e, quando dão por isso, estão a ler sobre ciência, sobre história, a ler os clássicos. Um estudo concluiu que, havendo banda desenhada numa biblioteca, as visitas dos alunos aumentavam em 82% e o ‘consumo’ de outros materiais de leitura em 30 por cento.


- A banda desenhada aumenta o vocabulário das crianças. Dois outros estudos independentes confirmam que os livros de banda desenhada ensinam o dobro de palavras novas do que os livros especificamente destinados aos mais pequenos e cinco vezes mais do que as que os mais pequenos ouvem nas conversas diárias da maioria dos adultos que os rodeiam.



- A banda desenhada incentiva à criação das nossas próprias histórias, o que implica entender coisinhas interessantes como a estrutura da narração, os pontos de vista e até a diferença entre discurso directo e indirecto (ainda se chama assim?)

- Por fim, defende-se que os heróis (mais ou menos falíveis) que protagonizam os livros de banda desenhada acabam por dar aos miúdos uma noção de ética e valores, ajudam-nos a distinguir o Bem do Mal. 


Qual é a sua opinião – e a sua experiência? A caixa de comentários está aberta.

3 comentários:

  1. Eu era do tipo de aluna que, nos tempos lectivos em que os professores não apareciam, ia para a biblioteca da escola ler Calvin&Hobbes e Mafalda. Mesmo tendo quase 18 anos. São clássicos da BD, completamente intemporais e sempre actuais. É raro encontrar uma frase da Mafalda que não tenha o seu ponto de razão.

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  2. Concordo em absoluto com tudo! Sou e sempre fui consumidora de BD. Tenho imensas, os gostos vão-se alterando conforme a idade avança mas é um género literário que muito apprecio! Género literário sim! Cá pelo nosso país a BD já teve mais expressão do que tem hoje, é muito mal amada por cá infelizmente. as editoras que muito contribuíam para a difusão desta arte foram desistindo ou desaparecendo absorvidas pelos grandes grupos livreiros que não acharam ser um investimento rentável e o gosto foi-se perdendo para grande pena minha e dos restantes amantes da BD!
    Beijocas para ti e béu-béu para a Vodka!

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  3. Não podia estar mais de acordo! Na minha história de vida a BD aparece muito cedo e foi ela que me abriu portas para mais tarde começar a ler outros géneros literários. Hoje em dia ainda leio BD quer sejam as bd do Patinhas quer manga. è uma pena que grande parte delas tenha que as consumir em inglês, mas por outro lado servem sempre para continuar a aprefeiçoar o meu domínio da língua inglesa.

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