quinta-feira, 25 de abril de 2013

a-ver-livros: abril, o novo verso e Ermelinda Duarte

Uma papoila, um grito vermelho,
um campo qualquer,
e hoje de novo a voz sufocada, 
o povo a chorar

Há que voltar a cerrar as fileiras.
Somos livres, somos livres,
somos livres de lutar


Obrigada, Ermelinda Duarte, por fazeres parte da minha memória e da memória dos que ainda a têm.


"Ontem apenas
Fomos a voz sufocada
Dum povo a dizer não quero;
Fomos os bobos-do-rei
Mastigando desespero.

Ontem apenas
Fomos o povo a chorar
Na sarjeta dos que, à força,
Ultrajaram e venderam
Esta terra, hoje nossa.

Uma gaivota voava, voava,
Asas de vento,
Coração de mar.
Como ela, somos livres,
Somos livres de voar.

Uma papoila crescia, crescia,
Grito vermelho
Num campo qualquer.
Como ela somos livres,
Somos livres de crescer.

Uma criança dizia, dizia
"quando for grande
Não vou combater".
Como ela, somos livres,
Somos livres de dizer.

Somos um povo que cerra fileiras,
Parte à conquista
Do pão e da paz.
Somos livres, somos livres,
Não voltaremos atrás."


Ermelinda Duarte

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