Esta história começa assim: eu
tenho um amigo canadiano, Mr. Julian Hanna, que foi para uma ilha.
Foi fazer o quê?
Foi dar aulas, é professor de
literatura, e falando de literatura, devo-lhe, no sentido de estar em dívida ou
falta, a leitura do Ulisses, é que ainda estou a ganhar fôlego para começar a
empreitada, como se eu um nadador, amador.
E qual é a ilha.
A ilha da Madeira.
Pois dois meses depois de, como
Diogo Cão, chegar à ilha, o que me pediu: histórias com 150 caracteres, letras
e espaços vazios.
Histórias como se tweet’s, como se
Pio’s.
Histórias que no instantâneo tenham
viagens dentro, palavras que nos
levem, as palavras fazem voar mais depressa do que asas de avião, para
centenas, milhares de quilómetros.
Histórias a fazer história no
projecto: Madeira story Generator.
Uma instalação a correr, em
simultâneo, em três espaços, no placar de partidas e chegadas no Aeroporto
Internacional do Funchal, no seu homónimo físico em exibição, e no seu homónimo
virtual no site: http://mstoryg.m-iti.org/
E o que fiz, 15 small trips, even smaller songs: Viajar
I.
Viajar é aprender
a dizer saudade em todas as línguas.
II.
Continua a viagem
até encontrares o chão perfeito para criar raízes.
III.
Não tenho a mínima
dúvida que a terra é redonda.
Mas, com todo o
respeito, senhor Galileu, prefiro andar e ver com os meus próprios olhos.
IV.
O pior café que
bebi até hoje, foi em Goa, tão mau que não sei explicar.
É um café, por
favor. Que me deixe memórias de Goa!
V.
Afinal o sorriso
da Mona Lisa é quase igual ao que tenho pendurado no meu quarto mas, o sorriso
invisível do japonês ao meu lado, de olhos como janelas, não tem par.
VI.
Um lugar mágico?
Açores.
Porquê?
Porque há dias em
que céu e mar se liam num cinzento metálico, inexplicável.
VII.
Aterrar em Génova
e sentir-se imediatamente um marinheiro.
Palazzo Ducale?
Girare a destra e poi a sinistra.
Portanto a
estribordo e depois bombordo.
VIII.
Como Jobim, como
Vinícius, como Buarque, uma água de coco no Calçadão de Ipanema.
Gostaste?
Não. Mas não
conseguia parar de beber!
IX.
Já ouviste tocar
acordeão?
Agora imagina um
acordeão em cada rua e tens Paris!
Pois, percebo,
alegre e melancólico.
X.
A primeira viagem,
o olhar em estado puro e a felicidade intocável, mesmo se choveu toda a semana,
Dublin como Dublin tem que ser.
XI.
A Mesquita azul.
O muezzin a cantar em tons de azul.
Uma rapariga de
vestido azul.
O amor pode ser
azul.
XII.
O último dia da
viagem, o paradoxo da vontade, a vontade de ficar, a ânsia de voltar.
XIII.
Demonstração da
importância de uma almofada: atentos à evidência da quantidade de pessoas que
sempre que viajam levam a almofada.
XIV.
Um capuccino em Roma!
Todos os fins de
tarde tenho vontade de apanhar um avião para Roma.
XV.
Um amanhecer? Um
barco na Turquia.
Um entardecer? Sob
o cel blau de Barcelona.
Um anoitecer? Nova
Iorque.
Mas dizem que Nova
Iorque nunca anoitece?
E eu confirmo.
Raquel Serejo Martins
Gostaram da viagem?
E para os que entraram no link lembram-se do barulhinho!
E para os que entraram no link lembram-se do barulhinho!
queria ter vivido estas viagens todas. Tens aqui um bazar de histórias. E hoje não adormecia só para poder entrar nelas :)~
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