terça-feira, 5 de março de 2013

«Kyoto» em Março


Este livro tem uma história pessoal engraçada. Da única vez que fui a casa de um amigo a Lisboa, ficou por lá. Ia na página 39. E recordo-me que estas páginas, lidas no comboio, tinham sabido por mil...

Ainda passou bastante tempo até ser devolvido - entretanto o amigo emprestado a Lisboa foi para Bruxelas e só regressou a norte há pouco tempo... Mas tanto um como outro, a boa casa retornaram.

Nos "entretantos"... o livro ficou esquecido numa pilha. E, de repente, deixou-se ser engolido por nova leva de livros: um fenómeno que não consigo explicar, mas que acontece com regularidade no meu quarto. Fantasmas?

O livro do mês é Kyoto, do prémio Nobel Yasunari Kawabata. Publicado pela Dom Quixote e traduzido por Virgílio Martinho. Voltamos, desta forma, a Oriente - onde costumamos ser bem felizes.

Quem se junta a esta viagem?

Kyoto, é uma das mais belas obras de Yasunari Kawabata, autor galardoado com o Prémio Nobel de Literatura em 1968. Considerado a sua obra-prima, este romance mergulha profundamente no Universo da psicologia feminina. O tema do amor impossível, já tratado noutros romances de Kawabata, aflora novamente nesta obra de uma tão delicada e subtil narrativa.


Romancista japonês, Yasunari Kawabata nasceu a 11 de Junho de 1899 na cidade de Osaka. Filho de um médico de grande cultura, conheceu a fatalidade da morte muito cedo, ao ficar órfão de ambos os progenitores aos três anos de idade, e ao perder a avó aos sete. Foi portanto criado pelo avô materno.

Após ter concluído os seus estudos secundários em 1920, Kawabata ingressou no curso de Literatura da Universidade Imperial de Tóquio, de onde obteve o seu diploma em 1924. Juntou-se então a uma tertúlia, e ajudou a fundar o Bungei Jidai , publicação que proclamava o Neo-Sensualimo e se mostrava receptiva à literatura europeia de vanguarda.

Kawabata publicou o seu primeiro livro em 1925, Jurokusai No Nikki e, no ano seguinte, arrebatou o sucesso com o aparecimento de Izu No Odoriko (1926, O Bailarino de Izu ), uma novela de cariz autobiográfico que relatava o enamoramento entre dois jovens.
Casou em 1931 e mudou-se para Kamakura, a antiga capital samurai, que abandonou com a deflagração da Segunda Guerra Mundial. De convicções neutrais, refugiou-se na Manchúria, regressando ao seu país depois da rendição japonesa.

Recorrendo a técnicas surrealistas que procuravam combinar a estética tradicional nipónica com a narrativa psicológica em tons de erotismo, publicou Yukiguni (1948, O País da Neve ), romance que descrevia o relacionamento entre o escritor de um livro sobre a dança e uma geisha já madura. Entre 1949 e 1954 surgiu Yama No Oto (A Voz da Montanha ), obra que contava a história de Shingo, um homem preocupado com as crises conjugais dos seus dois filhos, e que procurava fazer ressaltar o carácter emocional do povo japonês.

Na década de 60 tornou-se activista político, defendendo candidaturas conservadoras e assinando, juntamente com Yukio Mishima, um manifesto de protesto contra a Revolução Cultural chinesa.

Galardoado com o Prémio Nobel da Literatura em 1968, Yasunari Kawabata suicidou-se pela inalação de gás a 16 de Abril de 1972.

*In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2010.

1 comentário:

  1. Já o li há alguns anos e por causa dele, procurei e li outros livros do autor que se tornou um dos meus autores preferidos.

    ResponderEliminar