sexta-feira, 8 de março de 2013

As primeiras linhas do livro do mês, «Kyoto»

Assim começa o livro que lemos aqui no blog, em Março:

Chieko descobriu as violetas que floresciam no velho tronco do carvalho.
«Floriam também este ano.» Com estas palavras foi ao encontro da doce Primavera.
Em relação ao pequeno jardim da cidade, aquele carvalho era bastante grande, mais robusto ainda que as ancas de Chieko. A sua casca, velha, rugosa, salpicada de musgo, não se podia porém comparar ao corpo jovem e fresco dela.
Arqueada para a direita até ao nível das ancas de Chieko, a árvore começava a dobrar-se precisamente à altura da cabeça da rapariga: era a partir daqui que nasciam os densos ramos, que iam abranger quase todo o jardim. Os mais compridos pendiam um pouco. Logo abaixo do ponto em que se curvava amplamente sobre a direita entreviam-se duas pequenas cavidades: destas despontavam, distantes uma da outra, duas violetas. As duas plantas floriam todas as Primaveras. Chieko recordava-se de as ter visto sempre ali, naquela árvore. 



*in Kyoto, Yasunari Kawabata. Publicado pela Dom Quixote. 

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