sexta-feira, 22 de março de 2013

A Poesia - escolhidos por Pedro Estorninho


Mais uma vez começo com um pedido de desculpa aos poetas que leio, vivos e mortos. O espaço não me permite falar de todos vocês, portanto falarei de alguns e dos livros que ultimamente tenho revisitado. Os outros ficarão para uma próxima oportunidade. Charles Baudelaire e o seu “O Spleen de Paris” tem dos poemas mais belos que já li, um poema para mim de autêntica transumância:

O Estrangeiro.

- Quem é que tu amas mais, homem enigmático, diz: o teu pai, a tua mãe, a tua irmã ou o teu irmão?
- Eu não tenho pai, nem mãe, nem irmã, nem irmão.
- Os teu amigos?
- Usas uma palavra cujo sentido me é, até hoje, desconhecido.
- A tua pátria?
- Ignoro em que latitude fica.
- A beleza?
- Amá-la-ia de boa vontade, deusa e imortal.
- O ouro?
- Odeio-o como vós odiais a Deus.
- Bom, o que é que tu amas, então, extraordinário estrangeiro?
- Eu amo as mulheres… as nuvens que passam… além… além… as maravilhosas nuvens!

“Une Saison en Enfer” de Rimbaud é outro dos livros que frequento, deixo-vos aqui um excerto que tenho, para mim, como um dos mais livres, se podemos dizer que existem textos com não liberdade em Rimbaud.

Le sang païen revient! L´Esprit est proche, pourquai Christ ne m´aide-t-il pas, en donnant à mon âme noblesse et liberté. Hélas! L´Évangile a passé! L´Évangile! L´Évangile.
J´attends Dieu avec gourmandise. Je suis de race inférieure de toute éternité.
Me voici sur la plage armoricaine. Que les villes s´allument dans le soir. Ma journée est faite; Je quitte l´Europe. Láir marin brûlera mes poumons; les climatsperdus me tanneront. Nager, broyer l´herbe, chaser, fumer surtout; boire de liqueurs fortes comme du metal bouillant, - come faisaint ces chers ancêtres autour du feux.


Pedro Estorninho

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