A história começa com o bispo Frederick a levantar-se da cama e a pedir
um banho perfumado. Ajudado por uma complacente e disposta beneditina que acaba
de entrar ao seu serviço, o bispo Frederick submerge-se na água tépida com um
estremecimento de prazer. Pede à jovem monja que o deixe sozinho. Fecha os
olhos e abandona-se aos seus sentidos. Sente-se como o pai que espera o filho
que regressa, ou mais exactamente como o artista que dá a conhecer pela
primeira vez a sua criação ao público. De certo modo, Bernd é a sua obra. É
também a sua esperança. E a encarnação do seu desejo, um prolongamento de si
mesmo, uma dádiva. O bispo Frederick não será Papa, como sonhou num dado
momento da sua vida, mas chegou longe e pode morrer satisfeito. Bernd é um dom
que lhe é oferecido na última etapa da sua vida; a possibilidade de ir um pouco
mais além. Um suplemento.
* Tradução de Carlos
Aboim de Brito
Sem comentários:
Enviar um comentário