quarta-feira, 20 de março de 2013

1º Parágrafo: Reconstrução


A história começa com o bispo Frederick a levantar-se da cama e a pedir um banho perfumado. Ajudado por uma complacente e disposta beneditina que acaba de entrar ao seu serviço, o bispo Frederick submerge-se na água tépida com um estremecimento de prazer. Pede à jovem monja que o deixe sozinho. Fecha os olhos e abandona-se aos seus sentidos. Sente-se como o pai que espera o filho que regressa, ou mais exactamente como o artista que dá a conhecer pela primeira vez a sua criação ao público. De certo modo, Bernd é a sua obra. É também a sua esperança. E a encarnação do seu desejo, um prolongamento de si mesmo, uma dádiva. O bispo Frederick não será Papa, como sonhou num dado momento da sua vida, mas chegou longe e pode morrer satisfeito. Bernd é um dom que lhe é oferecido na última etapa da sua vida; a possibilidade de ir um pouco mais além. Um suplemento.


* Tradução de Carlos Aboim de Brito

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