David pinta... Guillermo Cabrera Infante
É no passado que vemos o tempo como se fosse o espaço. Tudo está longe, na distância em que o passado é uma imensa pradaria vertiginosa, como se caíssemos de uma grande altura e o tempo da queda, à distância, nos tornasse imóveis, como acontece com os acrobatas do ar, que vão caindo a uma enorme velocidade e contudo para eles nunca se cai. É deste modo que caímos na recordação. Nada parece ter-se movido, nada mudou porque estamos a cair a uma velocidade constante e só aqueles que nos vêem de fora – vós, leitores – dão conta de quanto descemos e a que velocidade. O passado é essa terra imóvel da qual nos aproximamos com um movimento uniformemente acelerado, mas o trajecto – tempo no espaço – impede-nos de nos afastarmos para ter uma visão que não seja afectada pela queda – espaço no tempo – voluntária ou involuntária. O tempo, ainda que parado, provoca vertigens, que é uma sensação que só o espaço pode provocar.
*Guillermo Cabrera Infante: in "A Ninfa Inconstante" - ed. Quetzal
Aproveito o espaço desta rubrica para anunciar que a ilustração acima faz parte de um calendário especial que está à venda na livraria Papa-Livros, no Porto. Até sábado! Dia em que David Pintor estará neste espaço para uma sessão de autógrafos, com Carlos Nogueira, do livro da Tcharan: "O Grande Chefe". É às 16h30.
Os originais estarão em exposição. A não perder esta sessão por nada!
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