POÉTICA
A nossa visão do mundo, resulta sempre do conjunto das nossas vivências, inquietações, buscas e experiências várias, bem como da consciência de pouco saber e do desejo de o procurar. Um velho professor e amigo, Antero Costa Urbano, a quem devo também a grande paixão que tenho pela Poesia, escreveu: «A Poesia é a forma exotérica de uma visão do mundo. O poeta vê o mundo como vê, vê-o como mais ninguém o vê. Este mundo criado pelo poeta, recria em cada um dos outros um mundo que não é o mesmo do poeta, que também da criação primitiva se vai afastando. (...) O Poema é, no fim, um mundo-à-disposição, um mundo-despertador».
Toda a nossa Vida é uma demanda do Graal - procuramos crescer interiormente e, para tal (uns melhor que outros), dialogamos com a Tradição e Cultura em toda a sua riqueza e dimensão. A “diferença” dos homens reside aí, na intensidade e entusiasmo (o deus dentro de si) da busca, na vontade de se ultrapassar a si mesmo bem como na entrega de si, e, sobretudo, na humildade perante o universo e as certezas sobre o mesmo.
A tentação primeira, perante a leitura de uma qualquer obra poética, deve ser a de nada lhe perguntar pois talvez nenhuma pergunta seja possível. Escreveu Eduardo Lourenço nessa maravilhosa obra chamada Tempo e Poesia:«Compreender a poesia é olhá-la sem a tentação de lhe perguntar nada. É aceitar o núcleo de silêncio donde todas as formas se destacam. A obra vale pela densidade de silêncio que impõe. Por isso os poetas que imaginam dizer tudo são tão vãos como as estátuas gesticulantes».
Sabemos e sentimos que a Poesia é bem mais do que uma linguagem: energia-cósmica que impele a procura de nós, trilho do Graal, mística, amor, paixão, algo sagrado. No poema, as palavras não são palavras, são “outra coisa” que tem a força e o sentido de uma oração a todos os deuses. Fruir poemas-oração, é como descansar serenamente - e por magia - sobre as águas do Mar num dia calmo e ao crepúsculo.
A Poesia condensa toda a vida espiritual da humanidade e, por isso, é também uma fonte de conhecimento; ela não é só evasão, fuga, liberdade criadora, lugar intemporal de todas as possibilidades, a Poesia pode e deve subverter, sublimar, exaltar, profetizar, despertar... O poeta é um “trabalhador” da possibilidade, da diáspora, do ócio-divino, da paixão, da angústia que o atira ao Infinito, da revolta, da esperança... O “verso certo” resulta também de muitas folhas rasgadas com palavras-dor, do Silêncio-Absoluto, do indizível, da nostalgia do Futuro e do rumo que o poeta dá à constelação de sentidos da palavra-poética que advém de um processo interno semelhante ao Mistério da Trindade. Cada poema constitui um mundo a descobrir e cada descoberta não é mais do que um meio para uma nova descoberta. Torna-se necessário cada vez mais, um satisfatório estado de insatisfação.
Ângelo Rodrigues
Coordenador literário da antologia Poética
CONVITE
A Editorial Minerva e os autores têm o prazer de convidar V. Exª, família e amigos, para a sessão de apresentação da POÉTICA II - antologia de poesia e prosa-poética portuguesa contemporânea - a maior antologia da CPLP! -, com 75 autores, a realizar no dia 2 (Sábado) de Março de 2013 pelas 16 horas na:
BIBLIOTECA MUNICIPAL ORLANDO RIBEIRO
Antigo Solar da Nora - Estrada de Telheiras - Lisboa
(Próximo do Estádio do Sporting – Metro de Telheiras
para o lado do Colégio Alemão – Carris: 47, 67, 78
Apresentação dos autores e da obra por Ângelo Rodrigues.
Todos os autores interessados terão oportunidade de uma breve intervenção.
Leitura de dois poemas da obra pelo actor e declamador von Trina.
Performance pelo grupo de dança «Sevilhanas do Beira Mar de Almada»
com orientação da Profª Marisa Caeiro.
Será servido um Porto de Honra
Todos os autores interessados terão oportunidade de uma breve intervenção.
Leitura de dois poemas da obra pelo actor e declamador von Trina.
Performance pelo grupo de dança «Sevilhanas do Beira Mar de Almada»
com orientação da Profª Marisa Caeiro.
Será servido um Porto de Honra
http://www.editorialminerva.com/
Bem haja Rodrigo. A abertura de Ângelo Rodrigues encaminha o leitor para o mundo encantado da poesia que esta obra celebra.Isa
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