quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Conheçam a revista Poética - antologia de poesia e prosa-poética portuguesa contemporânea. O segundo número será lançado sábado, em Lisboa


POÉTICA 

A nossa visão do mundo, resulta sempre do conjunto das nossas vivências, inquietações, buscas e experiências várias, bem como da consciência de pouco saber e do desejo de o procurar. Um velho professor e amigo, Antero Costa Urbano, a quem devo também a grande paixão que tenho pela Poesia, escreveu: «A Poesia é a forma exotérica de uma visão do mundo. O poeta vê o mundo como vê, vê-o como mais ninguém o vê. Este mundo criado pelo poeta, recria em cada um dos outros um mundo que não é o mesmo do poeta, que também da criação primitiva se vai afastando. (...) O Poema é, no fim, um mundo-à-disposição, um mundo-despertador».

Toda a nossa Vida é uma demanda do Graal - procuramos crescer interiormente e, para tal (uns melhor que outros), dialogamos com a Tradição e Cultura em toda a sua riqueza e dimensão. A “diferença” dos homens reside aí, na intensidade e entusiasmo (o deus dentro de si) da busca, na vontade de se ultrapassar a si mesmo bem como na entrega de si, e, sobretudo, na humildade perante o universo e as certezas sobre o mesmo.

A tentação primeira, perante a leitura de uma qualquer obra poética, deve ser a de nada lhe perguntar pois talvez nenhuma pergunta seja possível. Escreveu Eduardo Lourenço nessa maravilhosa obra chamada Tempo e Poesia:«Compreender a poesia é olhá-la sem a tentação de lhe perguntar nada. É aceitar o núcleo de silêncio donde todas as formas se destacam. A obra vale pela densidade de silêncio que impõe. Por isso os poetas que imaginam dizer tudo são tão vãos como as estátuas gesticulantes».

Sabemos e sentimos que a Poesia é bem mais do que uma linguagem: energia-cósmica que impele a procura de nós, trilho do Graal,  mística, amor, paixão, algo sagrado. No poema, as palavras não são palavras, são “outra coisa” que tem a força e o sentido de uma oração a todos os deuses. Fruir poemas-oração, é como descansar serenamente - e por magia - sobre as águas do Mar num dia calmo e ao crepúsculo.

A Poesia condensa toda a vida espiritual da humanidade e, por isso, é também uma fonte de conhecimento; ela não é só evasão, fuga, liberdade criadora, lugar intemporal de todas as possibilidades, a Poesia pode e deve subverter, sublimar, exaltar, profetizar, despertar... O poeta é um “trabalhador” da possibilidade, da diáspora, do ócio-divino, da paixão, da angústia que o atira ao Infinito, da revolta, da esperança... O “verso certo” resulta também de muitas folhas rasgadas com palavras-dor, do Silêncio-Absoluto, do indizível, da nostalgia do Futuro e do rumo que o poeta dá à constelação de sentidos da palavra-poética que advém de um processo interno semelhante ao Mistério da Trindade. Cada poema constitui um mundo a descobrir e cada descoberta não é mais do que um meio para uma nova descoberta. Torna-se necessário cada vez mais, um satisfatório estado de insatisfação.

Ângelo Rodrigues
Coordenador literário da antologia Poética



CONVITE
A Editorial Minerva e os autores têm o prazer de convidar V. Exª, família e amigos, para a sessão de apresentação da POÉTICA II - antologia de poesia e prosa-poética portuguesa contemporânea - a maior antologia da CPLP! -, com 75 autoresa realizar no dia 2 (Sábado) de Março de 2013 pelas 16 horas na:

 BIBLIOTECA MUNICIPAL ORLANDO RIBEIRO

Antigo Solar da Nora - Estrada de Telheiras - Lisboa

(Próximo do Estádio do Sporting – Metro de Telheiras 
para o lado do Colégio Alemão – Carris: 47, 67, 78

Apresentação dos autores e da obra por Ângelo Rodrigues.
Todos os autores interessados terão oportunidade de uma breve intervenção.
Leitura de dois poemas da obra pelo actor e declamador 
von Trina.
Performance pelo grup
o de dança «Sevilhanas do Beira Mar de Almada»
com orientação da Profª Marisa Caeiro
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Será servido um Porto de Honra

http://www.editorialminerva.com/

1 comentário:

  1. Bem haja Rodrigo. A abertura de Ângelo Rodrigues encaminha o leitor para o mundo encantado da poesia que esta obra celebra.Isa

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