Os últimos dias de Abril. Há nevoeiro, fundo como um poço, com um leve
cheiro a flores. Na terra onde vivemos os rododendros e as azáleas começam a
florir nos últimos dias de Abril. Como algo de novo. Perturbador e novo. E
sentimo-nos justificados, porque o jardim é a nossa criação, o trabalho das
nossas mãos e da nossa alma, e de alguma forma parece-se connosco, tem o nosso
cheiro. Quando nos encontrámos em Madrid ele disse-me que eu cheirava a
alperce. E de vez em quando a tangerina. Mais tarde disse-me com uma expressão
estranha no rosto que eu tinha o cheiro das azáleas, o cheiro do jardim, a
parte do jardim, de que ele mais gosta, entre os relvados e o mar. Um vale
tranquilo.
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