segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Poema à noitinha... O regresso de Valter Hugo Mãe com «o homem que já não sou»

Valter... entrarás sempre pela porta grande neste espaço...


o homem que já não sou

não me olhes agora que estou
mais velho e não correspondo em
nada ao homem que
amaste, procura encarar a tristeza
sem me incluíres, seria demasiado
cruel que me usasses para a
dor. para ti
quis trazer as coisas mais belas
e em tudo o que fiz pus o
cuidado meticuloso de quem
ama. não me obrigues a cortar os
pulsos quando fores num minuto ao
jardim com o cão

esta noite, sem notares, sustive a
respiração e quase morri. não deste
por nada. julgaste que voltei a
ressonar e até terás esboçado um
sorriso. e se eu pudesse morrer
enquanto sorris, pergunto

deixo para depois, ou talvez
desista. mas não pode ser se
tu me olhares em busca de tudo o que
já não existe. não pode ser, levo a
faca maior para debaixo do meu
travesseiro, juro-te que me
mato se continuares assim


*Valter Hugo Mãe, in contabilidade

1 comentário:

  1. Que final impetuoso. Gostei, bom texto!

    Cumprimentos
    http://omeube-a-ba.blogspot.com

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