terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Hoje Emílio Miranda traz o poema «Enquanto te for permitido…»

Enquanto te for permitido…

Cruzas os dilemas com que povoas os teus dias
Ignorante das respostas que eles encerram
Obcecado apenas com as questões pendentes…

Mas não há vida sem morte, nem alegria sem tristeza
Não há fome sem fartura, mesmo que seja a de um desejo
Permanente… Nada te sobra, porque nada te pertence

Nada te alimenta verdadeiramente, porque te é estranha
A sofreguidão que te atormenta… O sonho sonhas distraído
Das consequências; porque nenhum sonho é apenas

O brilho que deixa no olhar; todo o sonho tem o seu
Lado de pesadelo, quanto mais não seja o do receio
De perdê-lo. Por isso, por que buscas mais do que a água

Mais do que a brisa que passa? O amor é uma palavra
Tantas vezes atirada fora, como lixo, pela calçada da rua…
A felicidade deixa de sê-lo, mal se alcança… pois é cansaço

O que se possui… Por isso, não queiras, respira apenas o desejo
Como respiras o ar que te mantém vivo… Apenas esse
Te faz falta para prosseguires o teu sonho… Enquanto te for permitido!

Emílio Miranda

Foto: Cláudia Miranda

3 comentários:

  1. Enquanto me for permitido não deixarei de respirar o sonho, nem de viver com ele, iluminando sempre, esta vida sem cor e que teimo em colorir...

    Gostei muito do seu texto Emílio, que tem tanto de tristeza e de dor, quanto de beleza!

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  2. Parabéns Emílio. Como sempre, gostei muito.
    Vamos respirando e sonhando...
    Sim, sempre!!!

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