sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

1º Parágrafo: Os Anagramas de Varsóvia


NO ÚLTIMO SÁBADO DE SETEMBRO DE 1940, aluguei uma carroça puxada por um cavalo, com o respectivo cocheiro e dois homens pagos aos dia para me fazerem a mudança do meu andar junto ao rio para o apartamento de um quarto da minha sobrinha, situado no velho bairro judeu da cidade. Decidira sair de casa antes da criação oficial de um gueto, porque já nos fora proibido circular em grande parte de Varsóvia, e não precisava de uma bola de cristal para saber o que viria a seguir. Queria ser eu a estabelecer as condições do meu exílio – e poder escolher quem havia de ir para o meu andar. Já se tinham mudado para lá a filha de um cristão vizinho meu, estudante universitária, e o marido dela, advogado.



* Tradução de Daniela Carvalhal Garcia

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