ESTAVA A VER UMAS REVISTAS na Biblioteca Pública de S. Francisco umas
semanas atrás, e deparei com o comentário de um autor que dizia que todos os
seus contos eram sobre um inocente incapaz de agir perante uma situação
traumática. Na minha memória, vi um rapaz de sete anos, de franja loira e
comprida. Estava gelado, de pé, diante de um homem magro metido num pijama azul
e sentado numa cama de hospital. O homem tinha o rosto encovado e olhos
tristes. As suas mãos esqueléticas saíam dos pulsos envoltos em gazes e
ligaduras.
* Tradução de
Daniela Carvalhal Garcia
É um primeiro parágrafo prometedor; ignoro, por que não conheço a obra, se o livro é auto-biográfico...contudo, aquela criança, incapaz de reagir, perante uma situação traumática, faz apelo às memórias de cada um numa fase da vida, em que começamos a compreender, que viemos para um mundo estranho, injusto e doloroso.
ResponderEliminarNão sei qual a relação deste primeiro parágrafo com o título do livro, mas, à partida, confundir a cidade com o mar, mesmo simbólica ou metafóricamente falando, é, na verdade, consequência traumática, que leva à fuga do real, procurando uma alternativa, que suporte a dureza dos traumas da infância e dos que, a esta, se lhe seguiram.