"Desalento ou a importância da pontuação
já não há poemas
apenas palavras
desalinhadas fora de ordem imprecisas sujas
o poeta desalentou
o sangue do seu ofício já não corre
é simplesmente uma matéria
vermelha e coalhada
as palavras cortantes desenfreadas oxigenadas de vida
partiram para parte incerta
nesse estado de ausência pré-morte presumida
o poeta resiste e das sílabas faz sons
que balbucia a despropositadas horas
segundos minutos horas
palavras apenas de uma outra
que dizem ser «dia»
já não há poemas
apenas palavras
descarnadas pungentes e definitivas"
clicar na imagem para aumentar
É mais logo, às 21h30, na Reitoria da Universidade do Porto, que André Lamas Leite apresenta "Por fios e adesivos" com Cândido da Agra, responsável pelo prefácio deste livro de poesia. A publicação é da responsabilidade da Edium Editores.
Nascido no Porto, é docente da Faculdade de Direito da Universidade do Porto, na área das Ciências Criminais. Para além de colaborações pontuais na imprensa, publicou “Breviário”, poesia, em 2007, sob a chancela da “InLibris”
Depois de aberto o apetite com um poema deixamos também um excerto do prefácio.
"Andar “por fios”, ferir-se, colocar “adesivos” sobre soluções de continuidade, contorcer-se de dores físicas e morais por via de uma mulher é impensável na cultura ocidental até à modernidade e noutras culturas para as quais o paroxismo amoroso é um absurdo. Não duvido que autores clássicos da nossa cultura como Lucrécio e Ovídio reagiriam da mesma maneira que o velho da tribo da Rodésia ao ouvirem aquela história de amor romântico. O amor romântico é “Paragem”: ordena “a suspensão de Cronos”, congela, petrifica, cristaliza… É loucura."
Prefácio de Cândido da Agra em "Por fios e adesivos"
já não há poemas
apenas palavras
desalinhadas fora de ordem imprecisas sujas
o poeta desalentou
o sangue do seu ofício já não corre
é simplesmente uma matéria
vermelha e coalhada
as palavras cortantes desenfreadas oxigenadas de vida
partiram para parte incerta
nesse estado de ausência pré-morte presumida
o poeta resiste e das sílabas faz sons
que balbucia a despropositadas horas
segundos minutos horas
palavras apenas de uma outra
que dizem ser «dia»
já não há poemas
apenas palavras
descarnadas pungentes e definitivas"
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É mais logo, às 21h30, na Reitoria da Universidade do Porto, que André Lamas Leite apresenta "Por fios e adesivos" com Cândido da Agra, responsável pelo prefácio deste livro de poesia. A publicação é da responsabilidade da Edium Editores.
Nascido no Porto, é docente da Faculdade de Direito da Universidade do Porto, na área das Ciências Criminais. Para além de colaborações pontuais na imprensa, publicou “Breviário”, poesia, em 2007, sob a chancela da “InLibris”
Depois de aberto o apetite com um poema deixamos também um excerto do prefácio.
"Andar “por fios”, ferir-se, colocar “adesivos” sobre soluções de continuidade, contorcer-se de dores físicas e morais por via de uma mulher é impensável na cultura ocidental até à modernidade e noutras culturas para as quais o paroxismo amoroso é um absurdo. Não duvido que autores clássicos da nossa cultura como Lucrécio e Ovídio reagiriam da mesma maneira que o velho da tribo da Rodésia ao ouvirem aquela história de amor romântico. O amor romântico é “Paragem”: ordena “a suspensão de Cronos”, congela, petrifica, cristaliza… É loucura."
Prefácio de Cândido da Agra em "Por fios e adesivos"
Muito obrigado pela referência, caros Amigos!
ResponderEliminarUm grande abraço do
André
Tenho que saciar a minha vontade de ler este livro.Elizabeth Esteves
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