“A conversa
chegou, neste ponto, a um silêncio desconfortável. Secretamente, tanto o Pai
Natal como o Menino Jesus estavam, pela primeira vez em muito tempo, a
questionar a bizarria dos seus métodos. Depois de dois mil e tal anos de
rotina, as duas criaturas do Natal paravam, finalmente, para pensar. E agora
nenhum queria dizer a primeira palavra depois do momento de reflexão. Foi, por
isso, com um misto de alívio e susto que ouviram uma terceira voz na sala,
acompanhada por um aplauso solitário, seco e irónico.
– Vocês são formidáveis – disse um homem em
roupão, entrando na sala a bater palmas.
– Quem é você? – disseram o Pai Natal e o Menino Jesus, em coro.
– Quem é você? – disseram o Pai Natal e o Menino Jesus, em coro.
– Quem sou
eu? Sou o único tipo que realmente existe nesta história toda do Natal! – disse
o homem. – E, sinceramente, estou farto. Farto de gastar o meu dinheiro em
prendas, para que depois um velho que anda num trenó voador e um Peter Pan de
2004 anos fiquem com a glória toda. Eu sou o pai do miúdo que vive nesta casa.”
in “Noite de Paz” / “Outros Belos Contos de Natal”, Ediraia
Sem comentários:
Enviar um comentário