sábado, 15 de dezembro de 2012

Assim acontece no Bairro... Apresentação da agenda SOS Racismo


Foi hoje, no Bairro dos livros, que o Clube de Leitores se juntou à Cátia Baião e à Marta Pereira para a apresentação da Agenda SOS Racismo de 2013.

A conversa não foi só em torno da agenda, mas também deu a conhecer o SOS Racismo, as suas publicações e a actividade quotidiana, nomeadamente o apoio jurídico que a associação presta, o trabalho nas escolas e os debates e conferências em torno dos direitos humanos.


O expositor do Clube de Leitores tem à venda a agenda, assim como outras das suas publicações.

Tive a oportunidade de escolher e ler um dos textos da agenda. Escolhi o mês de Fevereiro - que é assinado pela Sara Neves. Conheçam «Muros».

Muros

«Muros há muitos... o que me separa do meu vizinho de casa, de país, de religião, economia, pensamento ou suposto estrato social. Muros há muitos... demasiados!

Cada muro encerra duas ideias essenciais. Primeiro, para cada muro erguido existem duas realidades separadas. Segundo, invarialvelmente uma realidade domina a outra. São estas as regras básicas de qualquer muro, físico ou não. E tantas vezes nos pretendem distrair desta definição, simulando ser possível um divergir no motivo da sua construção e no entendimento de ambas as partes envolvidas – seja por questões de suposta organização, regulação, ou claro, de proteção.

Cada muro reflete assim um problema, do qual invariavelmente também não é solução. E o paradoxal da história de qualquer muro é que ele agudiza a distância que cria e exponencia o domínio de uma realidade sobre a outra. Em palavras simples, agrava o problema.

Cada muro que se ergue - EUA/México, Mellila/Ceuta, Marrocos/Sahara Ocidental, Coreia do norte/Sul, Belfast, Cisjordânia e tantos outros - é consequentemente uma derrota. Um falhar claro da capacidade de resolver problemas, a humanidade no seu pior de desigualdade, injustiça e opressão.

Já cada muro que se derruba – de Berlim ao Apartheid - é finalmente uma conquista. Uma conquista da liberdade e de justiça, um aproximar claro da humanidade no seu melhor, ao outro. E isto sim...resolve problemas.»

Sara Neves
(fotos: Daniela Tedim)

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