Entro no quarto escuro, não acendo a luz, quero o escuro. Tropeço no
macio, desabo em cima dessa coisa, ah! meu Pai. A mania de Dionísia largar as
trouxas de roupa suja no meio do caminho. Está bem, querida, roupa que eu sujei
e que você vai lavar, reconheço, você trabalha muito, não existe devoção igual
mas agora dá licença? eu queria ficar assim quietinha com a minha garrafa, ô!
delícia beber sem testemunhas, algodoada no chão feito o astronauta no espaço,
a nave desligada, tudo desligado. Invisível. O que já é uma proeza num planeta
habitado por gente visível demais, gente tão solicitante, olha meu cabelo! olha
meu sapato! olha aqui o meu rabo! E pode acontecer que às vezes a gente não tem
vontade de ver rabo nenhum.
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