segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Poema à noitinha... Halldór Laxness (in «Gente Independente»)

Não tenho por hábito sublinhar tantas ideias num livro. Nem forçar as pessoas a ler as coisas que gosto. Por isso, qualquer repetição de autor e livro neste blog... é mera coincidência desprovida de sentido!

Não é só prosa que encontramos em Laxness. A narrativa vai sendo cortada com poesia. E se muita dela tem a ver com antigas canções Islandesas ou lendas, há também matéria que extravasa a ilha e conquista um mundo mais vasto.

É assim que nos chega este pedaço. Com um título condicente com o blog. Um tema universal (talvez «o tema»)... e que certamente cumpre a mais básica função da poesia: a emoção!


Literatura

«Recordo uma rapariga de tenros sentimentos
as suas palavras doces eram,
tinha a testa nítida envolta em cabelos louros,
meus braços refúgio lhe deram.

Seus olhos afectuosos e vivos
nas suas órbitas vagavam
de faíscas de luz envoltos
como o Sol brilhavam.

O nariz envolto na pele branca
tudo na sua perfeição
bem assente a pequena narina
tudo com a máxima afinação.

A sua face era branca e rosada
e as maçãs do rosto coradas,
pareciam as duas bochechas
sangue de neve derramada.

Moça de requisitos únicos
como nas aventuras se encontravam
os seus lábios carnudos
na sua beleza bem assentavam.

As brancas bochechas coradas
a alegria das suas palavras,
tempos antigos me saúdam
em imagens na memória guardadas.

O silêncio arrebatou, a terra absorveu
a minha beldade tão querida,
não pude mais viver neste mundo
a minha paixão estava perdida.»

*In «Gente Independente», Halldór Laxness. Editado pela Cavalo de Ferro. 

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