sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Dia do Desassossego... e no dia seguinte ninguém morreu!


A Fundação José Saramago vai celebra esta sexta-feira os 90 anos do nascimento do escritor, realizando o primeiro "Dia do Desassossego", que a entidade pretende transformar numa festa cívica e da cultura. Passam esta sexta-feira, 90 anos sobre o nascimento de José Saramago, na Azinhaga. Para marcar a data, a Fundação com o nome do escritor e prémio Nobel da Literatura organiza uma iniciativa a que chamou o "Dia do Desassossego".

Um dia que vai chamar-se assim daqui para a frente, todos os anos a 16 de Novembro.

A programação para celebrar o 90º aniversário, desenhada pela Fundação, pretende «desassossegar» os leitores, incentivando-os a saírem às ruas de Lisboa com a obra "O Ano da Morte de Ricardo Reis". Neste dia, apela a Fundação José Saramago, os leitores devem recordar e inspirar-se nas palavras do Prémio Nobel: "Escrevo para desassossegar os meus leitores"; e, são convidados a sair à rua com as suas obras para ler e partilhar.


Manifesto Dia do Desassossego

“Escrevo para desassossegar, não quero leitores conformados, passivos, resignados”, disse José Saramago pelos cantos do mundo e, pela última vez, na apresentação de “Caim”, para muitos mais do que um romance, um grito para romper com a indiferença.

Nunca a sociedade precisou tanto de seres humanos desassossegados, capazes de mostrar colectivamente a inquietação e, a partir dela, elaborar alternativas que nos devolvam a racionalidade. O Dia do Desassossego é uma chamada de atenção. Somos seres pensantes e queremos viver enquanto tal. Não somos
massa, nem um número, nem uma estatística, e muito menos um rebanho dirigido. Somos homens e mulheres capazes das maiores proezas, incluindo a de sorrir em tempos sombrios, porque decidimos que ninguém nos gela o sangue nem nos corta a respiração.

“Sábio é o que se contenta com o espectáculo do mundo”, escreveu Ricardo Reis-Fernando Pessoa. E José Saramago mostrou-lhe esse espectáculo no ano da sua morte porque sempre soube que contemplar é um passo necessário, mas o segundo, tão urgente hoje como em 1936, é intervir, antes que intervenham sobre nós. Como pessoas, como culturas, como países. Neste Dia do Desassossego, quando José Saramago faria 90 anos, contemplemos o espetáculo do mundo pela sua mão. Caminhemos com “O Ano da Morte de Ricardo Reis” pelas ruas de Lisboa e, em cada esquina descrita, paremos para pensar, de cabeça levantada. Somos cidadãos desassossegados, gente que pensa e tem coração para sentir a força da beleza, da bondade e dos argumentos.

Saiamos à rua neste 16 de Novembro, desassossegados mas não vencidos, com as nossas capacidades despertas, a nossa sensibilidade afinada, seres de palavras, de memória e de gratidão. O desassossego será uma forma de romper todos os cercos.

A Fundação

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