sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Das Utopias e das suas Histórias


"A História das Utopias", escrito e editado em 1922, é uma obra na qual Lewis Mumford faz a análise das utopias históricas, partindo da distinção entre utopias de escape e utopias de reconstrução, nestas incluindo a maioria das utopias literárias clássicas - de Platão a Edward Bellamy, passando por Thomas More, Bacon, Campanella e outros. Inspirado nos valores humanistas, Mumford adverte-nos das derivas autoritárias susceptíveis de desfigurarem na prática os ideais mais sublimes.

Lewis Mumford nasceu em Nova York. Estudou no City College nova-iorquino e na New School for Social Research. Colaborou em publicações, e seus primeiros textos publicados tanto em jornais como em livros, firmaram a sua reputação como escritor interessado pelas questões urbanas.

No modo de vida utopiano, cada homem goza da possibilidade de ser um homem porque ninguém tem a possibilidade de ser um monstro. O principal objectivo do homem é crescer até atingir o limite da estatura da sua espécie.

De olhos bem abertos, o livro "História das Utopias" é uma reflexão sobre as utopias históricas e sobre o seu papel enquanto objecto literário e projecto social, não descurando o autor uma análise ao perigo dos seus desvios político-sociais. O percurso de vida e o olhar lúcido do escritor norte-americano foram um contributo positivo e humanista para várias áreas como o urbanismo, a filosofia, a antropologia, a arquitectura e a ciência política, e ,talvez por isso, Mumford, no primeiro livro que publicou, não se limite a descrever as utopias como ideias puras – da República de Platão à Utopia de More, da Cidade Sol de Campanella ao Falanstério de Fourier –mas problematize a utopia como projecto de intervenção, nomeadamente na criação das cidades e no planeamento urbanístico.


E serve a obra e o exemplo de Munford para nos interrogarmos se hoje não estaremos docilmente a fazer parte dessa mal-dita última utopia: não só transformar cada ser humano numa máquina de produzir e consumir mas, mais perverso e subtil, transformar cada homem num anti-utópico?

Órfãos ou não das grandes e pequenas utopias – para o bem e para o mal – é difícil prever a criação de um mundo mais humano se cada indivíduo perder a capacidade de imaginar a utopia.

Em Portugal está editado, desde 2007, pela Antígona numa edição muito bem conseguida quer na tradução, quer no arranjo gráfico. Disponível com facilidade nas livrarias aguardamos que um dia nos cheguem outros títulos seus, dos quais se destacam "The Culture of Cities" (1938), "The Condition of Man" (1944), "Art and Technics" (1952) e "The City in History" (1961).


1 comentário:

  1. Esta rubrica vale bem a pena. Parabéns e espero que possa continuar.

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