sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Cronicando pela Ásia... Banguecoque (Capítulo IV)

Banguecoque, 17 de Abril 2009
Capítulo 4

A tarde ia ser passada ao longo do rio. Muitos planos se fizeram naquela tarde. Mas só vi metade do planeado. De qualquer forma, o passeio foi muito diversificado. Numa cidade de contrastes. O velho e o novo. O pobre e o rico. O esplendor e o degredo.

Primeira experiência: apanhar o skytrain (monocarril) e visitar a parte nova da cidade. Aqui está algo que nunca tinha feito. E que só repeti por terras Asiáticas: em Kuala Lumpur (mas esse relato ficará registado mais à frente).


O objectivo era apenas mirar algum templo que aparecesse, ver os mercados e as lojas modernas da parte cosmopolita da cidade. Mas cosmopolita é um termo dúbio por estas bandas. Sim... os edifícios são enormes e espectaculares. Existem lojas de luxo e centros comercias de porteiro à porta. Mas esta ostentação convive de mãos dadas com os vendedores ambulantes que aparecem por todo o lado a fazer comida e a vender aquilo que podem ao estrangeiro ou a quem passa. É um verdadeiro rebuliço, sempre a 1000 à hora. O pobre nem tem tempo para se cruzar com o rico. E o estrangeiro convive com os dois mundos.

O rio proporcionou um belo passeio. As margens estendem bonitos templos e casas. Mais à frente, apanhei o skytrain. Parecia uma criança. Nunca tinha imaginado a sensação de viajar por cima de uma cidade. De ver as coisas a partir do céu. De repente tudo aquilo me pareceu cheio de sentido - o belo e o feio; o novo e o velho. Foi nesse momento que ganhei o meu próprio ADN Asiático.


A cidade nova é um desfilar de prédios altos. Colossos vestidos de capitalismo desmedido, centros comerciais de grande porte, local de peregrinação de consumo em massa. Mercados infindáveis de roupa, tecnologia, as melhores e as piores lojas no mesmo piso. Foi ali que vi os primeiros pedintes. Não é comum ver pobres a pedir. Ali sobrevive-se, não há tempo para parar e viver da esmola. Quem pára, provavelmente morre rápido.

Almocei já a tarde ia longa. Um pequeno conforto para o estômago. Comprei um cartão para a máquina fotográfica. Era preciso começar a reportagem e já não havia memória suficiente...

Parti para a estação com um objectivo: um bilhete de comboio para o Cambodja.


Rodrigo Ferrão

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