quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Sem gatos nem paciência.

(Por Mariana Jones)

Os nossos encontros eram sempre demorados para o esperado. Ele dizia-me sempre que estava bonita e que me parecia com a minha mãe.

E depois falava, falava e falava.

A última vez, depois de ter comprado 200 cafés, disse-me que queria e precisava ir viver sozinho. Sem gatos e sem ninguém.

- Preciso de tempo, para mim, para as minhas coisas. Preciso estar sozinho, para escrever.

Depois confessou-me que ia comer um prego (ou bitoque, para que se entenda) ali ao lado.
Nunca mais o vi. Só o espaço vazio das suas crónicas. E os livro que guardo e releio.

Não tenho paciência,
nem tempo que baste
(nem espaço, deixaste-me
pouco espaço para tanta existência)


(in Cuidados Intensivos)

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