quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Poema à noitinha... «Especial» Manuel António Pina

Continuamos cheios de saudades. 

Sem muitas mais palavras para te elogiar, resta-nos a poesia. Hoje fui pescar este belíssimo «Aos Filhos». E deixo-me encantar com a sensibilidade que tão bem sabias pôr em tudo o que escrevias.



Aos Filhos


«Já nada nos pertence,
nem a nossa miséria.
O que vos deixaremos
a vós o roubaremos.

Toda a vida estivemos
sentados sobre a morte,
sobre a nossa própria morte!
Agora como morreremos?

Estes são tempos de
que não ficará memória,
alguma glória teríamos
fôssemos ao menos infames.

Comprámos e não pagámos,
faltámos a encontros:
nem sequer quando errámos
fizemos grande coisa!»

*in "Um Sítio onde Pousar a Cabeça"

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