quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Clube de Leitores COM_vida... Emílio Miranda. Hoje com Catarina Gaspar

A Propósito de «A Esmeralda O Rei», de Catarina Gaspar



«Correm nas minhas veias animais selvagens
E o voo de todas as aves do firmamento»

Eis dois versos que nos despertam de imediato o apetite pela poesia de Catarina Gaspar, patentes na contracapa deste magnífico livro com 67 páginas, editado pelas Edições Mahatma, nova no panorama editorial português, mas nem por isso menos exigente em termos de qualidade, malgrado as concessões feitas por muitas congéneres, mais preocupadas em sobreviver do que em presentearem os leitores com o que de melhor se vai escrevendo em Portugal. Surpreende-nos este arrojo de qualidade, num universo inundado de edições avulso, muitas de duvidoso atributo e apenas editadas por serem comparticipadas pelo autor.

Impera neste pequeno livro a poesia sublime.

Um dia serei bebida pelo céu
Até lá habito o tempo
Com esta alma de rouxinol 


Assim se apresenta Catarina Gaspar, neste seu voo poético, com Alma de Rouxinol.

De uma força impar e de uma singeleza inesperada, a sua poesia derrama-se, como mel, como água, irrompe da terra, eleva-se aos céus. Telúrica, misteriosa, mágica.

Posso ter pés de cabra e uma barba bem sanhuda
Posso ser tomada à força como cadela
Em cima de qualquer monturo
A troco de um naco de pão para matar a fome
Posso ensandecer de medo e frio
Chegar esventrada e só ao fim da minha viagem
Que ainda assim hei de parir estrelas durante toda a eternidade 


A beleza destas palavras remete-nos para a natureza feminina, forjada pelas agruras da vida e ainda assim provida da poesia sonhadora que leva o rosto a alçar-se, a fitar as estrelas…

Apetecia-me tanto abrir as asas e partir com as gaivotas
Embrulhar os gritos roucos na melodia das ondas
Mas sento-me calmamente nos braços da noite (…) 


As palavras de Catarina Gaspar encantam-nos, seguramente, senhoras da magia da terra, da limpidez do céu… A ler. Pelos que apreciam Boa Poesia! E por todos quantos possam encantar-se, quando as palavras são, como é o caso, encantatórias.

Emílio Miranda

1 comentário:

  1. Ler Catarina Gaspar é hoje obrigatório para quem gosta de poesia, não aquela feita a martelo, mas da que primeiro sai da alma e depois é trabalhada pela mestria.
    Jorge da Cunha

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