segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Chegou o cadáver


Não vale a pena tentar negá-lo: o cadáver passeou-se pelos jardins do Palácio de Cristal durante o festival organizado pelo Bairro dos Livros, em que o Clube de Leitores participou de forma activa. E sobreviveu para chegar hoje até nós, aqui.

Estamos a falar do Cadáver Esquisito que prolongámos pelos vários dias do evento.
Se não faz ideia do que seja esta coisa com um nome tão tétrico, temos alguma informação para si lá no fundo do texto. Vá espreitar primeiro e volte depois aqui para melhor usufruir deste exercício literário.

E siga o Cadáver!

"O Jardim é um palácio que floresce entre pavões e bancos
Confusões e felizes prantos que nos habitam o interior
Das recordações dos disparates e da evolução do mundo, que
Avança com ou sem razão das esperas que não acontecem
Pois o tempo, ou a falta dele, esse é o grande problema.
Estas esperas devem pois, ser bem calculadas.
Pois agir sem pensar não é de todo aconselhável
Assim, vejamos a situação:
O corpo estava a entrar em decomposição.
A cara estava branca, gelada, apesar do calor da noite.
A solidão estava marcada, bem presente.
E sono, muito sono realmente!
É no estado em que o homo sapiens se tem encontrado
Desde o início da sua civilização
Não interessa
Tudo era natureza
Tudo era morte
Tudo se torna em veludo azul
A coisa mais rara neste mundo, as pessoas pensarem por si próprias.
É raro mas quando acontece é mágico.
É assim que vivemos, sorrimos e amamos. Por isso vamos a isso.
Mas cuidado…
Os lobos e as meninas andam por aí
E sabem sempre o que querem!
Mas o que quererão afinal? E será que alguma vez o saberão?
 Essa é a questão filosófica que se impõe!
Essa e a questão da origem do universo das bandas desenhadas
que surgem nas bancas das papelarias sem ninguém saber como!
Como é que ninguém sabia dessa porcaria!
Tanta coisa para nada!
Aumentando a vontade de conquistar o infinito, sem porém
Julgar a vontade do(s) outro(s).
E acham-se importantes por fazê-lo!
Acho graça a essa gente, a nossa gente.
A nossa gente é capaz de tudo.
Andar desalinhada, só isso!
No dia em que descobrir o seu próprio poder, tudo acontecerá!
Somos uma gente capaz! Capazes!
A propósito de capazes, acho que ou capaz de comprar uma bimby…
Ando a pensar nisso há tempo… Acho que vou…
Comprar o tal livro da selva e, mergulhando na sua leitura
Vou viver a aventura que ele me sugerir
Não sei o que vi nele, nem o que me atraiu. O olhar transparente?
O sorriso nos lábios grossos? Não sei. Bem todo o caso
Embarquei na aventura.
O primeiro dia foi repleto de medos, inseguranças… e à medida que
O dia ia passando mais eu me libertava destes medos e deixava a energia
Fluir, e um sorriso aparecia na minha cara.
«Mandato de despejo aos mandarins da Europa! Fora!
Se quiserem ficar lavem-se!»
E lavem-se de preconceitos e opiniões
Lembra-te que é hoje! Sim, hoje, porque é hoje que estás a ler isto. Aliás, agora!!!
Acabei de ler e vou “desencanar” o burro. Alea jacta est!
“Alea jacta est”. Afirmação de boa memória e omnipresente
Nos livros de Asterix, que me encheram a infância.
A infância, aquele tempo em que não tinha horários e passava
O tempo a brincar!! Além do Asterix, havia a pequena sereia 
Mas o meu preferido era o Bocas. Um boi vermelho, vestido com
uma jardineira de botões amarelos. A sua melhor amiga, a tartaruga Mike
ficou muito feliz ao saber que o jardim estava lindo e cheio de flores.
Ao ver tudo aquilo quis abraçá-la e agradecer para todo o sempre.
No sempre a eternidade do amor e a salvação!
Mas um belo dia o canto de jades esfumou-se. O encanto foi-se.
E ele ficou com uma caixa cheia de sonhos vazios.
Pensou como gostava dela…
Como ela era injusta.
Nunca preparava o café a meu gosto.
E ainda dizia: “a culpa é tua”.
Mas nem sempre a culpa é nossa!
Não queiras pôr culpas onde não queremos!
Sentimento que inflama, que nos aprisiona.
Perdoa-te e vive com a tua alma por inteiro!"

INFO:
Cadáver esquisito - cadavre exquis - é um jogo colectivo inventado por volta de 1925 em França pelo movimento surrealista, pretendendo subverter-se o discurso literário convencional.
O cadáver esquisito - nome que advém do primeiro exemplo conhecido deste jogo, que rezava "O cadáver esquisito beberá / o vinho novo" - tinha como propósito colocar na mesma frase palavras inusitadas agregando mais de um autor.
Na prática, cada pessoa escreve duas linhas, dobra o papel tapando a primeira e deixando à vista apenas a segunda, que cabe ao autor seguinte continuar.
Porque não experimenta este jogo um destes dias com o seu grupo de amigos?

Nota: Obrigada à Patrícia Cunha pelo trabalho árduo de carregar o Cadáver e recolher os seus 'restos mortais'! ;-)

1 comentário:

  1. Ficou o máximo e eu fiquei contente por ter dado o meu pequenino contributo.

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