Amanhã explico-vos porque escolhi "Nunca Me Deixes", de Kazuo Ishiguro, para a leitura conjunta do mês de Setembro aqui no blog. Dou-vos tempo para o procurarem nas vossas bibliotecas ou para o comprarem na livraria mais próxima.
Mas esta noite deixo-vos apenas com o retrato do escritor nipo-britânico, pintado por Peter Edwards para a Nacional Portrait Gallery, em Londres. E com um pouco da história deste momento.
Escreve o autor:
"Imaginei que seria como foi com Luís XIV: estaríamos sentados num salão enorme, inundado pelo sol, a posar e pintar três dias de seguida. (...) Mas a primeira sessão foi uma experiência algo enervante. Peter tirou todo o tipo de fotos de mim, desde um 'close-up' do meu pulso até outro do meu tornozelo. Estava como que num mundo só seu, murmurando para com os seus botões e a olhar fixamente para partes várias do meu corpo. Foi mais ou menos como uma autópsia."
Escreve o pintor:
"Eu quase senti que estava a avançar para este retrato como se fosse um livro. À medida que o ia construindo ia como que tentando imitar a forma como Ishiguro escreve os seus meticulosos romances. E o que verão, frente ao quadro, muito mais do que olhando apenas para uma reprodução, são todas as muitas camadas que tem e a forma como a textura foi surgindo, como nunca fiz em outro retrato."
Continua Ishiguro:
"A tinta no meu retrato tem camadas tão grossas que o seu relevo é realmente montanhoso. Mas quando se recua um passo tudo parece encaixar como se numa fotografia. Algumas pessoas já disseram que o meu estilo de escrita é um pouco assim. Complicada quando se analisa ao detalhe, mas aparentemente muito simples à superfície."
Se isso vos diz alguma coisa já sobre "Nunca Me Deixes"...
Amanhã direi mais.
Sem comentários:
Enviar um comentário