(«Por Este Mundo Acima» de Patrícia Reis foi a leitura conjunta do mês de Agosto aqui no blog)
“Pedro viu-o totalmente perdido de mágoa numa tarde em que conseguiram chegar perto do rio. A cor da água era tenebrosa, um verde e castanho que corria a grande velocidade.
“Pedro viu-o totalmente perdido de mágoa numa tarde em que conseguiram chegar perto do rio. A cor da água era tenebrosa, um verde e castanho que corria a grande velocidade.
Não há gaivotas.
O que são gaivotas?”
Isto o que nos
faz este livro.
Uma mistura de
sentimentos, verdes e castanhos escuros, muitos escuros, esperança e desolação.
Isto o que nos faz este livro.
Pôr-nos a pensar
no que de facto é importante.
Num tempo em que
não paramos para pensar.
O exercício de
parar. Paradoxal, talvez?
O exercício de
pensar.
Num tempo em que
damos tudo por adquirido.
Basta premir um
botão e faz-se luz, água, gás, voz, imagem, movimento.
Basta abrir a
porta de um frigorífico.
Mas, e se um
antes e um depois.
E o depois, o
regresso a um tempo original, marcado pelo ritmo da luz, das chuvas, dos
ventos, das estações.
O regresso a um
tempo em que os olhos sem luz se fecham no sono, em que os olhos, aos primeiros
barulhos da manhã, se abrem, quase sempre assustados, para mais um dia.
O regresso ao
tempo dos olhos nos olhos, sem distracção ou intermediário.
A evidente
necessidade do outro para sobreviver, assim que, quando tudo falta, dentro da catástrofe das catástrofes, que não nos faltem os
olhos de um outro.
A
imprescindibilidade de uma testemunha da nossa existência.
Isto o que nos faz este livro.
Mostrar-nos a
evidência.
A evidente necessidade do outro para sobreviver.
E mais a estranha necessidade, mesmo quando tudo falta, da arte, da música, da literatura, na redenção cabal do humano.
A evidente necessidade do outro para sobreviver.
E mais a estranha necessidade, mesmo quando tudo falta, da arte, da música, da literatura, na redenção cabal do humano.
Assim um livro
de sobreviventes, de afectos, de pessoas… como nós.
Não conheço o livro,mas, pelo comentário da Raquel, vale a pena lê-lo.
ResponderEliminarNunca é demais sermos abanados para atentar no que de importante deixamos submerso na pequenez das coisas, que constituem a nossa diária preocupação.
Sentimentos verdes e castanhos?...despoluí-los é mais difícil do que as águas do rio, por que estas podem receber um tratamento objectivo...com o coração as coisas são mais complicadas, até, por que, o destinatário dessa confusão cromático/sentimental, não merece, com frequência, algo mais cristalino e nítido.
Os seus comentários são sempre pertinentes e interessantes, obrigada :)
EliminarParece ser um livro tocante...
ResponderEliminarÉ um livro tocante e singular :)
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