Dar até que doa,
e não fazer política nem pretender prerrogativas com essa acção, e muito menos
praticar a enganosa filosofia de obrigar os outros a aceitar os nossos
conceitos do bem e da verdade por (acreditarmos) serem os únicos possíveis e
por, além disso, deverem estar-nos agradecidos pelo que lhes demos, mesmo que
não o tivessem pedido. E embora soubesse que a minha cosmogonia era de todo
impraticável (e que diacho fazemos com a economia, com o dinheiro, com a
propriedade, para que tudo isto funcione? E que merda fazemos com os espíritos
predestinados e com os filhos da puta de nascença?), satisfazia-me pensar que
talvez um dia o ser humano pudesse cultivar esta filosofia, que me parecia tão
elementar, sem sofrer as dores de um parto ou os traumas da obrigatoriedade,
por pura e livre escolha, por necessidade ética de serem solidários e
democráticos. Masturbações mentais minhas…
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