terça-feira, 11 de setembro de 2012

1º Parágrafo: O Velho e o Mar


Era um velho que pescava sòzinho num esquife na Corrente do Golfo, e saíra havia já por oitenta e quatro dias sem apanhar um peixe. Nos primeiros quarenta dias um rapaz fora com ele. Mas, após quarenta dias sem um peixe, os pais do rapaz disseram a este que o velho estava definitivamente e declaradamente salao, o que é a pior forma de azar, e o rapaz foram por ordem deles para outro barco que na primeira semana logo apanhou três belos peixes. fazia tristeza ao rapaz ver todos os dias o velho voltar com o esquife vazio e sempre descia a ajudá-lo a trazer as linhas arrumadas ou o croque e o arpão e a vela enrolada no mastro. A vela estava remendada com quatro velhos sacos de farinha e, assim ferrada, parecia o estandarte da perpétua derrota.



* Tradução de Jorge de Sena

2 comentários:

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  2. António Tété Pereira11 de setembro de 2012 às 21:04

    O velho pescador Santiago, cuja história Hemingway relata neste livro é um símbolo, a vários títulos, já que, depois do 84º dia de azar, a persitência (estimulada por Manolin) leva-o a apanhar um peixe de cinco metros...tão grande, que não tinha espaço no interior do seu barquito, razão por que, tendo vindo borda fora, os tubarões acabaram por deixar-lhe só espinha...que, no entanto chegou intacta à praia, onde os demais pescadores, anteriormente sarcásticos, se converteram em admiradores.A lição é, para mim, óbvia:na vida não trabalhamos muitas vezes em função de um resultado, mas, tão-só, para recuperar ou não perder o respeito e a autoestima.

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