O sorriso dos velhos é
porventura uma das coisas mais adoráveis do mundo. Não o era porém o de João
Barbosa no último dia de Setembro de 1868, riso alvar e grotesco, riso sem
pureza nem dignidade; riso de homem de setenta e três anos que pensa em
contrair segundas núpcias. Nisso pensava aquele velho, aliás honesto e bom;
disso vivia desde algumas horas antes. Eram oito da noite: ele entrara em casa
com o mencionado riso nos lábios.
Isso é, por que o sorriso do velho é,de algum modo, o adocicar do riso de outras fases da vida;a partir de uma certa idade, as pessoas relativizaram, tanto,as coisas e pessoas, que o gargalhar de antanho soa, agora,a sacrilégio; os mais subtis dizem ser o sorriso dos idosos fruto da serenidade e sabedoria;realmente, porém, é o fruto da desaceleração global...prova disso,é que, havendo motivos sérios para o rejuvenescimento, provisório, que seja,como no caso do João Barbosa, o que era sinal de amadurecimento transforma-se em "grotesco" riso..é que,perdido o hábito, a retoma acidental soa, sempre, a algo de grotesco.
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