quarta-feira, 26 de setembro de 2012

1º Parágrafo: A Caixa Negra


Caro Alec,
Se não destruíres esta carta no momento em que reconheceres a minha letra no envelope, isso provará que a curiosidade é mais forte do que o ódio. Ou que o teu ódio precisa de um combustível novo.


* Tradição de Miguel Serras Pereira.

1 comentário:

  1. António Tété Pereira26 de setembro de 2012 às 21:19

    Aposto em como o Alec abriu o envelope, provávelmente, pelas duas razões apontadasno 1º prágrafo supra transcrito.
    De facto, tal como, da abertura da caixa negra do sinistrado avião, só há que esperar a compreensão da tragédia, que tornou necessária aquela operação, também, quando abrimos uma carta,que reconhecemos,pela letra do envelope, ser de alguém, que não gosta de nós,a sensação, que nos envolve,(com aquele constrangimento estomacal, que nos atinge, também,quando recebemos uma carta do fisco),é que, no seu interior, não virá,própriamente, um convite para a festa...e se a primeira reação é não abrir,logo a seguir temos curiosidade por saber, o que diz este estupor, para, com isso, justificarmos, alimentarmos e intensificarmos o nosso ódio.É humano!As coisas, hoje, com a comunicação electrónica, estão,por um lado, mais sofisticadas, mas, nem por isso, mais complicadas para o destinatário, a quem basta carregar a tecla delete sobre o e-mail do adversário...é que, deste modo, até se fica com a sensação de o atingirmos com um torpedo, mantendo a nossa imunidade emocional.

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