Presente nos autos e em
figura própria Elias Santana, chefe de brigada. Indivíduo de fraca compleição
física, palidez acentuada, 1 metro e 73 de altura; olhos salientes
(exoftálmicos) denotando um avançado estado de miopia, cor de pele e outros
sinais reveladores de perturbações digestivas, provavelmente gastrite crónica.
No aspecto exterior nada de particular a registar como circulante do mundo em
geral a não ser talvez a unha do dedo mínimo que é crescida e envernizada, unha
de guitarrista ou de mágico vidente, e que faz realçar o anel de brasão exposto
no mesmo dedo. Veste habitualmente casaco de xadrez, calça lisa e gravata de
luto (para os devidos efeitos) com alfinete de pérola adormecida; caranguejo de
ponteiros florescentes, marca Longines, que usa no bolso superior do casaco com
amarra de ouro presa à lapela; farolins de lentes grossas, à toupeira, com
comportamento mortiço; carece de capilares no couro cabeludo, o crânio é
pautado por cabelinhos mas poupados, e distribuídos de orelha a orelha.
* Não terminando o curso de Matemáticas, em 1945,
alistou-se, na marinha mercante, como praticante de piloto sem curso, de onde
saiu compulsivamente porque «suspeito de indisciplina e detido em viagem do
navio Niassa», conforme auto da Capitania do Porto de Lisboa, de 02, de
Fevereiro de 1946.
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