sábado, 18 de agosto de 2012

Um dia estive com «O Santo Guloso», as autoras e muitos amigos na Fnac de Gaia

Foi no final da manhã do dia 26 de Fevereiro que me juntei à Ana Paula Oliveira e à ilustradora Helena Veloso. Deixei a promessa de falar um pouco de como correu a apresentação do livro «O Santo Guloso» e de toda a atmosfera que nos rodeou. O tempo passou, passou... Mas só agora recupero algumas das coisas que disse (não tudo). Simples reflexões da minha experiência de livreiro.

E, claro está, também falei do livro das autoras... 

Fica o essencial:



"Na minha profissão sou muitas vezes solicitado a aconselhar leituras. Para todas as idades. No caso dos livros para os mais pequenos e jovens, tenho por princípio questionar exaustivamente o cliente. As idades são importantes. Ser rapaz ou rapariga interessa, depende da fase de crescimento onde se encontra. Se tem ou não hábitos de leitura. É essencial investigarmos, enquanto livreiros, que livros gostam de ler, qual foi o último que leram, se estão a fazer alguma colecção... Os seus gostos pessoais, etc... etc...

Nem sempre é fácil ser um educador de leitura. Às vezes dou por mim a aconselhar livros às crianças e a esbarrar na intransigência dos pais. Mas acredito que o processo de escolha de um livro infantil deve envolver pais e filhos. Não o que os pais impõem como seus gostos.


Hoje a oferta é muito maior e há imensos livros para escolher. Este sector não pára de crescer.

Altura para reflectir naquilo que os nossos pais liam. As aventuras de Emilio Salgari ou de Enid Blyton. Quem não se lembra da Condessa de Ségur ou de «As Mulherzinhas» de Louise May Alcott? E a minha geração dos quase 30? Continuamos a ler alguns destes clássicos. Juntamos os livros de «Uma Aventura», ofereciam-nos muitas enciclopédias juvenis (de história, ciências, mundo animal...), e os quadradinhos da Disney (Tio Patinhas, Donald e Mickey), «A Turma da Mónica» e a «Mafalda». «Asterix», «Tintin»... 

Qual é, então, a diferença destes dias para o 'hoje'?

Creio que a resposta está na quantidade de livros que se produzem ou traduzem. Acredito que a televisão trouxe imensas personagens aos livros. E também o contrário: os livros transformaram algumas personagens em verdadeiras estrelas de televisão. Quase todas as semanas conheço um herói novo. É, na verdade, um mundo complicado de acompanhar. 

Outra diferença essencial é o crescimento e a qualidade da ilustração. Hoje ela é reveladora da apreciação que se faz de um bom livro. Exemplos não faltam, como Danuta Wojciechowska. Mas também de autores que são escritores e ilustradores das suas obras. O português Afonso Cruz ou o australiano Shaun Tan

O 'presente' do livro infanto-juvenil não é só uma experiência de leitura. Passa, cada vez mais, pela apreciação de uma pequena peça de arte. Tem a dupla função de conquistar as crianças, mas também os pais. 

Fica o meu apelo: interessem-se pelo que lêem os vossos filhos. Leiam com eles. Só assim teremos leitores no futuro. Uma casa sem livros é uma casa sem graça. E sem graça são as pessoas que lá vivem. 


Foi  com imenso prazer que li «O Santo Guloso» e descobri uma lenda que não conhecia. É uma excelente história: para miúdos e graúdos. A adaptação é de Ana Paula Oliveira e a ilustração é de Helena Veloso.

Destaco a importância de dois aspectos nesta obra. Em primeiro lugar, é essencial divulgarmos as lendas e as histórias das nossas terras. Só assim perpetuamos nas gerações mais novas as nossas tradições, as crenças e os nossos valores. A nossa identidade.

O segundo aspecto que julgo importante referir é a ilustração desta obra. Este confronto da imagem com o texto estimula a nossa imaginação, transporta-nos para outros tempos, transmite-nos sensações e emoções que um texto por si só não atingiria.


Se me permitem, deixo então, a lenda muito resumidamente. Retirei-a do site da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira:

«A Festa das Fogaceiras é uma festa característica do concelho de Santa Maria da Feira que completou em 2005, quinhentos anos de história. Realiza-se a 20 de Janeiro.

Teve origem num voto ao mártir S. Sebastião, em 1505, altura em que a região foi assolada por um surto de peste que matou parte da população. Em troca de protecção, o povo prometeu ao santo a oferta de um pão doce chamado fogaça a todos aqueles que fossem mais pobres na freguesia.
Durante quatro anos a tradição foi quebrada e a peste regressou. Este acontecimento veio aumentar a devoção a uma das mais antigas tradições de Portugal.»

Muito obrigado por este convite e muito sucesso nas vendas deste livro."


*«O Santo Guloso» foi publicado pela editora Calendário das Letras. Esta apresentação foi feita no dia 26 de Fevereiro de 2012, na Fnac do Gaiashopping. A Ana Paula Oliveira ofereceu-me uma fogaça, no final da apresentação. Deliciosa!!

1 comentário:

  1. Obrigada, Rodrigo, pelo texto e pela divulgação do livro, da lenda, da história e da estória. Na qualidade de mediadora da leitura, enquanto professora bibliotecária, compreendo perfeitamente a expressão "educador de leitura". É preciso conhecer o leitor e ir ao encontro dos seus gostos. Desde que comecei a escrever para crianças, essa responsabilidade aumentou. Já não se trata tão somente de lhes dar a ler o que os outros escreveram mas também, o que entretanto também eu escrevi e que a Helena Veloso tão bem ilustrou. Com as parcerias escritor/ilustrador, os livros tornaram-se, de facto, verdadeiras obras de arte, concordo. Mais uma vez obrigada pela apresentação do livro. Quem sabe, não haverá uma próxima vez? Beijinhos.

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