domingo, 5 de agosto de 2012

Poema à noitinha... Pedro Mexia


«Nas estantes os livros ficam
(até se dispersarem ou desfazerem)
enquanto tudo
passa. O pó acumula-se
e depois de limpo
torna a acumular-se
no cimo das lombadas.
Quando a cidade está suja
(obras, carros, poeiras)
o pó é mais negro e por vezes
espesso. Os livros ficam,
valem mais que tudo,
mas apesar do amor
(amor das coisas mudas
que sussurram)
e do cuidado doméstico
fica sempre, em baixo,
do lado oposto à lombada,
uma pequena marca negra
do pó nas páginas.
A marca faz parte dos livros.
Estão marcados. Nós também.»


*Pedro Mexia nasceu em 1972. É cronista, critico literário, ensaísta e poeta.

3 comentários:

  1. Olá, leio praticamente todas as semanas o seu artigo na revista Atual do expresso....do qual gosto muito pelos temas e abordagem que faz...esta semana fala do L Cohen e de um livro que leu dele quando era mais jovem. Gostaria de saber se pode indicar qual era o livro...infelizmente perdi a revista...obrigado e continuação do seu bom trabalho

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  2. Caro José, daqui escreve Rodrigo (não o Pedro Mexia).

    Mas deixo-lhe uma lista dos livros traduzidos do L Cohen, pode ser que ajude:
    - Livro do Desejo
    - O Jogo Favorito
    - Filhos da Neve
    - Vencidos da Vida

    Boa pesquisa!

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