quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Os mercados e os filhos dos mercados a parir ratos de montanhas


Não costumo fazer muita publicidade a lojas, livrarias e outros retalhos que tal. Não gosto dos mercados em geral mas já me começa a agoniar o que se anda a fazer pelo mundo dos livros. As agonias são muitas, algumas delas já aqui partilhadas em outras situações. Seja pelo comportamento dos monstros editoriais ou pelas supostas organizações que nos deviam proteger a nós: leitores, consumidores, escritores, produtores de produto cultural... chamem-lhe o que quiserem.

Desta vez, espanto meu, ou não!
Razão tinha um amigo meu que me disse num dia destes: "só lhes falta começar a vender electrodomésticos..." e como diz o povo 'meu dito, meu feito'.

Deparei-me ontem com esta "maravilha" do marketing. A FNAC a vender as coisas que fazem falta lá para casa, mas com estilo. Electrodomésticos em design de autor, para já e ao que parece no online somente, mas quanto tempo para inundar as lojas físicas com esta bela ideia?!  

O ciclo e o modus operandi já é conhecido. Há uns anos foram as mega lojas de música. Limparam a concorrência das lojas mais pequenas e tradicionais, concorreram entre monstros e depois partiram deixando só o deserto. No meio disto apareceu a FNAC e foi compensando parte dessa perda. Também estes foram abrindo a politica de terra queimada, nos livros principalmente. O resto da história já é conhecida. Abra este, feche este, junte aquele que compra o outro... shoppings, mega lojas, chancelas e grande grupos e mexa tudo bem até levar ao forno.

Com este novo passo a FNAC está a caminhar para encostar mais umas tantas coisas, aquelas a que os mercados chamam de produtos culturais, que entre nós são conhecidas como livros, cds, dvds e por aí fora. Com este passo a FNAC prepara-se para deixar o mercado mais vazio. Para quem compra livros e música as opções vão-se esgotando e a oferta vai diminuindo. Lancem lá agora uma campanha contra a pirataria ao mesmo tempo que nos levam a opção de escolha.

Eu leio mais do que o que está nos tops de venda e ouço mais do que o que está na berra nas playlist das rádios. Vejo mais cinema do que aquele que enche salas. Têm mesmo a certeza que não querem fazer uma campanha anti pirataria? E que tal uma oferta para todos os públicos? E isto sou eu a falar a linguagem dos mercados, nem sequer entro pelo discurso do acesso ou da democracia porque isso seria um outro testamento!

Um apelo em forma de conselho: quando quiserem comprar um livro ou um cd procurem a loja que sempre esteve ali ao lado, com um funcionário que até se preocupa um bocadinho e até sabe do que está a falar. Pode ser um bocado mais caro, não tem cartão nem pontos de desconto mas a médio prazo vai fazer a diferença e compensar.

3 comentários:

  1. Desconhecida, quase nada, dificilmente serei lida. Entretanto, não me furtarei a um breve comentário: num país, onde a EDUCAÇÃO não é tratada com a devida seriedade, realmente não é de se assustar com o ocorrido. Mas não me entrego, Senhor Pedro. Sou uma lutadora inata, e me agarro, mesmo com meus parcos conhecimentos, à vontade de desembainhar minha espada, buscando, no mínimo, incomodar "esses tais" que AINDA "estão" no controle dessa situação vexatória. Abraço.
    www.sustentabilidadeevida.com

    http://sustentabilidadeevaloreshumanos.blogspot.com.br

    Será uma alegria receber suas críticas.

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  2. Quero que comente a seguir e essa tal loja ao lado da fnac que você gosta muito começou a vender livros, e a mediamarkt tbm, e o continente... Mas não, a culpa é da FNAC, onde tem profissionais bem mais dedicados. Falo isto por experiência, em todas as lojas que vou, só consigo ser atendida e tirar duvidas na FNAC.
    Sabia que nao ia aceitar o meu comentário.
    Catarina Duarte

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    1. Cara Catarina Duarte,
      em primeiro lugar a minha critica não foi de forma alguma direccionada aos funcionários. Conheço alguns pessoalmente e reconheço a competência de muitos mais. Pelo seu comentário julgo que não percebeu o conteúdo do texto e se limitou a responder um pouco a quente. A critica usa a FNAC como exemplo mas serve para todas as grande superfícies e a forma como tratam os livros. A introdução de linguagem meramente mercantilista e a uniformização do tratamento de todos os produtos sejam eles arroz, livros ou automóveis.

      Quanto às lojas do lado do que refiro já são alguns os bons exemplos em várias cidades, Braga, Coimbra, Porto, Lisboa, Guimarães, Leiria, Viseu... onde se pode encontrar boa oferta de livros e admire-se lá: livreiros! Desafio-a a indicar onde foi tão mal atendida e onde não foram profissionais dedicados.

      As opiniões são assim umas pessoas tem umas outras tem outras, mas o seu comentário está aí não está? Aprenda a não lançar suspeitas sem factos.

      Cumprimentos

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