Sou testemunha de que antes de se atingir as praias e o caos, a poente
dos cruzamentos que conduzem a Duas-Pias, deixando para trás a velha linha do
telégrafo que ainda delimita a zona do sossego, A Casa do Leborão é um local da Terra e existe. Se não existisse aí
não teria chegado o Engenheiro Geraldes ao cair duma noite de fim de Inverno,
acompanhado por uma rapariga a quem chamavam Anita Starlet, para desfrutar com
serenidade de cinco dias de bom lazer. E bem merecidos, já que sempre tinha
sido um cultor da ciência e da técnica, um estudioso, e ultimamente um
administrador de reputação assinalável, sem que jamais a desordem o tivesse
visitado com sua vassoira de lenha. Mas algumas vez a fragrância da aventura
haveria de lhe bater à porta e agora ali estava ela, imperiosa, levando-o para
um local secreto, uma casa disfarçada, a que a sua recordação no futuro haveria
de recorrer sempre que necessário, com seu passinho de aranha ou de serpente.
“Meu Deus, como existia essa casa!” – Recordaria depois.
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