Nesse tempo remoto, eu era muito jovem e vivia com os meus avós numa
quinta de paredes brancas da Rua Ocharán, em Miraflores. Estudava em San
Marcos, Direito, creio, resignado a mais tarde ganhar a vida com uma profissão
liberal, ainda que, no fundo, tivesse gostado mais de chegar a ser um escritor.
Tinha um trabalho de título pomposo, salário modesto, apropriações ilícitas e
horário elástico: director de Informação da Rádio Pan-Americana. Consistia em
recortar as notícias interessantes que apareciam nos jornais e maquilhá-las um
pouco para que fossem lidas nos noticiários. A redacção, sob as minhas ordens,
era um rapaz de cabelo empastado e amante de catástrofes chamado Pascual. Havia
noticiários de hora a hora, de um minuto cada, excepto os do meio-dia e das
nove, que eram de quinze, mas nós preparávamos vários ao mesmo tempo, de modo
que eu andava muito na rua, a tomar cafezinhos na Colmena, às vezes ia às
aulas, ou então estava nos escritórios da Rádio Central, mais animados que os
do meu trabalho.
* Tradução de
Cristina Rodriguez
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